Explosão no armazém de grãos no Paraná: Impactos, vítimas e as investigações em andamento

De acordo com os registros, houve múltiplos estrondos

Por Plox

30/07/2023 21h30 - Atualizado há quase 2 anos

No interior do Paraná, mais precisamente em Palotina, a quarta-feira (26) foi marcada por uma intensa explosão em um armazém de grãos da cooperativa C. Vale. Tal magnitude fez com que a vizinhança imediata sentisse o deslocamento de ar, causando danos significativos. "Foi como que se o mundo tivesse acabado", relata a dona de casa Maria Rosane Teixeira Góes. Mesmo a dois quilômetros de distância, um escritório de arquitetura foi abalado pelo impacto. No local, casas sofreram avarias: janelas quebradas, paredes rachadas e até mesmo uma janela foi arrancada.

Marta Assis Magalhães, cozinheira e residente de uma das casas afetadas, alivia-se ao recordar que "graças a Deus foram bens materiais, e não havia ninguém em casa na hora".

 

Foto: Reprodução

Análise da explosão

De acordo com os registros, houve múltiplos estrondos. Porém, o perito Lennon Biancato Ruhnke, da Polícia Científica do Paraná, explica que não se pode determinar o número exato de explosões apenas pelo barulho. Ele afirma: "É como se fosse uma explosão em mais de uma etapa. O som, ele se propaga no ar e reflete nas construções". Atualmente, a investigação se concentra na hipótese de uma única explosão.

 

Relatos dos afetados

Donald Sân Cir, de origem haitiana e com 24 anos, foi um dos resgatados após o acidente, porém veio a falecer no hospital. Sân Cir era empregado da C. Vale. Dos oito mortos no incidente, sete eram haitianos, todos em situação regular no Brasil. Fernando Mota Cardoso, um dos onze trabalhadores resgatados com vida, descreve o momento dizendo: "Só escutei o estouro, depois... acordei no chão, deitado". Ele sofreu trauma abdominal e permanece internado.

 

A busca por respostas

No epicentro da tragédia, quatro armazéns com capacidade de armazenar entre 4 mil e 45 mil toneladas de soja e milho foram identificados. Os peritos acreditam que o maior ponto de destruição ocorreu entre os armazéns três e quatro. A Polícia Científica do Paraná emprega tecnologia 3D e raios laser para captar imagens, uma estratégia que permite avaliar áreas de risco sem a necessidade de acesso físico.

 

Os riscos da indústria

O professor Adriano Afonso Lima, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, detalha os perigos inerentes à movimentação de grãos como o milho. Esses grãos são inflamáveis, e a poeira que eles geram em ambientes fechados, como túneis de grãos, pode facilmente pegar fogo. A movimentação dos grãos gera partículas em suspensão que, em um ambiente confinado, podem funcionar como um combustível gasoso.

 

Medidas e investigações em curso

A C. Vale, responsável pelo armazém, está custeando despesas médicas, além de oferecer suporte a familiares das vítimas. Em nota, a empresa reforça seu comprometimento com a segurança no trabalho, afirmando que todas as vistorias estavam em dia.

Por fim, a Polícia Civil do Paraná abriu uma investigação para esclarecer as causas do acidente, analisando possíveis falhas humanas, materiais ou agentes externos não previstos. O Ministério Público do Trabalho também está conduzindo uma investigação sobre o ocorrido.

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