Divisão entre governadores obriga Alckmin a cancelar reunião sobre tarifa de Trump
Encontro em Brasília foi suspenso após ausência de líderes estaduais ligados à direita, que recusaram participar da agenda com o vice-presidente
Por Plox
30/07/2025 12h36 - Atualizado há 3 dias
A reunião do Fórum de Governadores que seria realizada nesta quarta-feira (30), em Brasília, com a presença do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), foi cancelada por falta de quórum. O encontro tinha como pauta principal a reação ao tarifaço imposto pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros.

Durante o evento, representantes das 27 unidades federativas discutiriam os impactos da sobretaxa de 50% anunciada pelo presidente americano, Donald Trump. A medida entra em vigor já nesta sexta-feira (1) e vem preocupando o governo brasileiro. Alckmin, que também ocupa o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, lidera as negociações do país diante dessa nova barreira comercial.
Estava prevista, ainda, a formação de uma comitiva de governadores para acompanhar Alckmin nas conversas diplomáticas com autoridades dos Estados Unidos. No entanto, a adesão foi comprometida por uma clara divisão política entre os líderes estaduais.
Governadores de alguns dos estados mais relevantes economicamente e com alinhamento à direita, como Romeu Zema (Minas Gerais), Tarcísio de Freitas (São Paulo), Cláudio Castro (Rio de Janeiro) e Eduardo Leite (Rio Grande do Sul), recusaram o convite. Outros, como Jorginho Mello (Santa Catarina), sequer confirmaram presença. Entre os opositores ao governo federal, apenas Ronaldo Caiado (Goiás) havia confirmado participação.
Essa ausência em massa, especialmente de nomes com ambições eleitorais para 2026, motivou o cancelamento da reunião. Muitos desses governadores evitam se associar publicamente a figuras próximas ao governo Lula, temendo repercussão negativa junto ao eleitorado mais conservador.
O governo federal já planeja retomar as conversas com os chefes estaduais na próxima semana. A previsão é que, novamente em Brasília, Alckmin se reúna com os governadores do Nordeste, onde há maior afinidade política com o atual governo.
Paralelamente, o vice-presidente recebeu nesta terça-feira (29) representantes de grandes empresas de tecnologia como Meta, Alphabet (Google), Amazon, Apple, Visa e Expedia. O encontro também contou com a presença de um representante da Secretaria de Comércio dos EUA, cujo nome não foi divulgado.
A atuação das big techs no Brasil tem relação direta com a decisão do governo norte-americano de aplicar sanções ao país. Donos dessas plataformas são aliados de Trump e temem os efeitos da regulamentação das redes sociais em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF), que pode impactar suas operações no Brasil.