Lula exige respeito e critica Trump por ameaças ao Brasil

Durante uma entrevista concedida ao jornal The New York Times nesta terça-feira (29), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou forte reprovação às recentes ações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. No encontro com jornalistas no Palácio da Alvorada, em Brasília, Lula exigiu ser tratado com respeito pelo líder norte-americano e classificou como \"vergonhoso\" o fato de Trump ter usado as redes sociais para anunciar medidas econômicas contra o Brasil.

Foto: Presidência

Segundo a análise do próprio veículo norte-americano, poucos líderes mundiais têm enfrentado Trump de forma tão direta quanto o presidente brasileiro. Lula afirmou que o governo está lidando com a imposição da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros com \"a máxima seriedade\", mas rejeitou qualquer subserviência nas tratativas.

\"Trato a todos com muito respeito. Mas quero ser tratado com respeito\", destacou Lula.

Para o presidente, o Brasil não aceitará uma postura de inferioridade nas negociações internacionais. Ele reconheceu o poder militar, econômico e tecnológico dos Estados Unidos, mas reforçou que isso não intimida o governo brasileiro, apenas gera preocupação. Lula defendeu que disputas entre países devem ser resolvidas por meio de diálogo e não por retaliações econômicas ou imposições unilaterais.

\"Quando há um desentendimento, você marca uma reunião, conversa e busca resolver o problema. O que não se faz é aplicar uma tarifa e impor um ultimato\", acrescentou o chefe do Executivo.

Ele ainda alertou que a medida prejudicará ambas as nações. Segundo ele, uma relação construída ao longo de 201 anos, baseada em ganhos mútuos, pode dar lugar a uma fase de \"perdas mútuas\", impactando diretamente o consumidor norte-americano com preços mais altos para os produtos importados do Brasil.

– Nem o povo americano nem o povo brasileiro merecem isso – disse Lula.

A tarifa de 50% imposta por Trump entra em vigor no dia 1º de agosto e foi anunciada como uma forma de represália por diversas razões alegadas pelo governo norte-americano. Entre elas estão acusações de perseguição judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, decisões do Supremo Tribunal Federal que, segundo Trump, ameaçam a liberdade de expressão, além de insatisfações relacionadas ao posicionamento do Brasil dentro do grupo Brics e a alegações de deslealdade comercial.

Com o endurecimento nas relações, o clima diplomático entre os dois países entra em um novo momento de tensão, e o Brasil promete não recuar sem ser ouvido em igualdade.