Com farda, Maduro convoca milícia para ‘defender soberania’ contra os EUA

Presidente venezuelano mobiliza civis armados e recebe apoio da Colômbia em resposta à chegada de navios americanos no Caribe

Por Plox

30/08/2025 10h24 - Atualizado há 4 dias

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, apareceu publicamente de farda militar nesta sexta-feira (29), em meio à chegada de navios de guerra dos Estados Unidos ao sul do Caribe, nas proximidades do território venezuelano. Em visita a tropas em um campo de treinamento em Caracas, o líder chavista afirmou que está pronto para 'defender a paz e a soberania nacional' diante das ameaças do governo americano.


Imagem Foto: Reprodução


Maduro declarou que o país está mais forte após '20 dias seguidos de ameaças e cerco psicológico', e afirmou que os venezuelanos estão preparados para enfrentar qualquer ofensiva externa. \"Hoje, estamos mais preparados para defender a paz, a soberania e a integridade territorial, muito mais do que ontem\", declarou diante dos militares.


A movimentação dos EUA inclui cinco embarcações militares e cerca de 4 mil soldados, segundo comunicado oficial, com o objetivo declarado de combater o narcotráfico. Paralelamente, Washington aumentou a recompensa por informações que levem à prisão de Maduro, acusando-o de liderar um cartel de drogas. A quantia oferecida chega a US$ 50 milhões (cerca de R$ 271 milhões).



Em resposta, Maduro convocou uma nova etapa de alistamento da Milícia Bolivariana — um grupo armado composto por civis, altamente ideologizado. O presidente afirmou que a força já conta com 4,5 milhões de membros, número questionado por analistas. Durante os exercícios, os milicianos exibiram escudos com os dizeres: “Duvidar é traição”, em uma simulação de operações especiais acompanhada pelo chefe de Estado.


Além disso, Maduro comemorou o apoio da Colômbia na proteção das fronteiras. O presidente colombiano Gustavo Petro ordenou o envio de 25 mil soldados para militarizar a região do Catatumbo, no nordeste do país. \"Nossa terra, vigiamos, preservamos e cuidamos nós venezuelanos e colombianos, unidos pela paz, prosperidade e soberania\", declarou.



No campo diplomático, o embaixador da Venezuela na ONU, Samuel Moncada, enviou uma carta ao secretário-geral da organização, António Guterres, pedindo que ele intervenha e solicite aos EUA que cessem as ações hostis contra o país.


Apesar do avanço militar, analistas não acreditam em uma invasão terrestre iminente. No entanto, o clima de tensão domina os noticiários e redes sociais venezuelanas. O governo tem incentivado a população a se alistar na milícia, apelando para o nacionalismo, enquanto opositores acusam Maduro de manipular a situação para manter o controle interno.



A líder da oposição, María Corina Machado, apareceu em entrevista na Fox News agradecendo ao ex-presidente Donald Trump por sua postura contra Maduro, a quem chamou de “chefe de uma organização criminosa”. Machado pediu que os venezuelanos resistam ao recrutamento e afirmou que “as praças vazias da Venezuela hoje anunciam o futuro que se aproxima”.


Edmundo González, substituto de Machado, é reconhecido por Estados Unidos e diversos países como o legítimo vencedor das eleições de 2024. Para muitos analistas, essa legitimidade aumenta a pressão internacional contra o governo chavista.



No entanto, especialistas como Christopher Sabatini, do centro britânico Chatham House, alertam que tanto governo quanto oposição podem estar se aproveitando da crise. Segundo ele, “líderes opositores caem na armadilha de prometer uma invasão que não virá, manipulando cinicamente a esperança da população”.



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