Conselhos investigam médicos por dizerem que câncer de mama "não existe" e que mamografia causa a doença
Profissionais são acusados de desinformar sobre riscos de mamografia e existência da doença
Por Plox
30/10/2024 11h02 - Atualizado há 8 meses
Dois médicos estão sob investigação pelos Conselhos Regionais de Medicina após declarações questionáveis sobre câncer de mama serem divulgadas durante o Outubro Rosa, período de conscientização sobre a doença. As afirmações dos profissionais, Lana Almeida e Lucas Ferreira Mattos, foram classificadas como falsas pelo Instituto Nacional de Câncer (Inca) e por outras autoridades da área.

Lucas Ferreira Mattos, registrado nos Conselhos de Medicina de São Paulo e Minas Gerais e com uma audiência de 1,2 milhão de seguidores no Instagram, declarou em vídeo que a mamografia eleva o risco de câncer de mama, comparando-a a “200 raios-X”. Além disso, sugeriu que cistos benignos seriam resultado de deficiência de iodo. O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) informou que o caso está sendo apurado, seguindo o procedimento de confidencialidade.
Lana Almeida, médica com registro no Conselho do Pará, afirmou em redes sociais que o "câncer de mama não existe", aconselhando que mulheres ignorem o Outubro Rosa e a mamografia. Ela ainda propôs um tratamento hormonal alternativo. Após a repercussão negativa, o perfil de Lana foi temporariamente desativado.
Ambos os vídeos foram revisados pelo Inca, que os considerou como possíveis disseminadores de desinformação. A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) manifestou sua preocupação com o aumento de conteúdos falsos relacionados ao câncer de mama, observando que muitos perfis apresentam informações sem fundamento científico, promovendo, em seguida, terapias alternativas ou cursos para profissionais de saúde e o público em geral.
Estatísticas e importância da mamografia
O câncer de mama é a neoplasia maligna mais comum entre as mulheres no Brasil, com mais de 70.000 novos casos anuais, de acordo com o Inca. Estudos demonstram que o exame de mamografia reduz entre 20% e 30% a mortalidade pela doença entre mulheres de 40 a 75 anos, ao permitir o diagnóstico precoce e tratamentos menos agressivos.
A SBM também desmentiu o uso de hormônios sexuais como terapia preventiva ou curativa para o câncer de mama, explicando que esses hormônios podem estimular o crescimento de células tumorais. A terapia hormonal, quando empregada, busca, ao contrário, bloquear essas substâncias, contribuindo para a diminuição da mortalidade.
Dados recentes sobre o câncer de mama
Segundo o Inca, as estimativas para 2023 a 2025 apontam 73.610 novos casos anuais de câncer de mama entre mulheres brasileiras, com incidência de 41,89 casos por 100 mil mulheres. O Atlas de Mortalidade por Câncer do Ministério da Saúde registrou 19.130 mortes pela doença em 2022 no Brasil, refletindo a gravidade e a necessidade de conscientização adequada sobre o tema.