Coppola lança novo filme ,'Megalópolis' com estreia marcada para quinta-feira (31)

Filme idealizado há mais de 40 anos por Coppola encerra Mostra Internacional de Cinema de São Paulo

Por Plox

30/10/2024 08h41 - Atualizado há cerca de 1 mês

O diretor Francis Ford Coppola, conhecido por "Apocalypse Now", apresentou seu novo filme "Megalópolis", idealizado há 45 anos, e que estreia nos cinemas hoje. O projeto começou após o lançamento do aclamado longa de guerra, em 1979, e mantém paralelos temáticos com ele, refletindo uma visão crítica de sociedades em decadência.

Foto/Divulgação.

Nos anos 70, o cenário de instabilidade, marcado pelo desgaste dos EUA na Guerra do Vietnã e por escândalos políticos, inspirou filmes que retratavam desilusão e questionamento de valores. Em “Apocalypse Now”, Coppola mostrou essa desordem, retratando personagens como um coronel que se declara Messias, revelando um cenário apocalíptico. Em “Megalópolis”, a narração inicial de Laurence Fishburne aponta para um contexto atual comparável à queda do Império Romano, atualizando o olhar crítico sobre períodos de grandes extremismos e figuras políticas autoritárias.

Explorando a relação entre passado e presente, Coppola utiliza personagens com nomes inspirados em figuras romanas, como Cesar Catalina, vivido por Adam Driver, que faz referência ao político romano Lucio Catilina. Ele defende uma sociedade justa baseada na ciência, em confronto com Cicero, prefeito interpretado por Giancarlo Esposito. Esses personagens remetem à transição de Roma da República para o Império, tema central na obra que coloca a Nova Roma como palco de conflitos de poder, inspirado no histórico Fórum Romano, que no filme aparece como um ambiente teatral de debates públicos.

Com referências artísticas e cinematográficas diversas, Coppola faz alusões a movimentos como o expressionismo alemão, visível na estética de Nova Roma, e a cineastas como Fellini, com o uso de trilha de Nino Rota em uma das cenas. Em um tom mais experimental, “Megalópolis” mistura simbolismos e colocações ousadas, incluindo referências a “Hamlet”, de Shakespeare, com o monólogo “Ser ou Não Ser” recitado pelo personagem Cesar.

Na sequência final do longa, Coppola incorpora um discurso de esperança, fazendo de Cesar uma figura quase messiânica que enfrenta desafios por seu ideal de uma nova sociedade. A proposta lembra as concepções de “A Origem”, de Christopher Nolan, com o protagonista assumindo o papel de um “arquiteto do tempo e espaço”.

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