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Mãe reconhece corpo de filho após operação policial mais letal do Rio

Jovem de 20 anos tentou se entregar durante a Operação Contenção, mas foi encontrado morto com sinais de violência; famílias sofrem e pedem mudanças

30/10/2025 às 11:03 por Redação Plox

A mãe de um dos jovens mortos durante a Operação Contenção, considerada a mais letal da história do Rio de Janeiro, foi ao Instituto Médico Legal para reconhecer o corpo do filho, de 20 anos. Ela relatou o desejo de que pudesse ter ajudado o filho a se entregar durante a investida da polícia, marcada por intensas trocas de tiros.

O governo do Rio de Janeiro confirmou 121 óbitos durante a grande ação contra o Comando Vermelho (CV)

O governo do Rio de Janeiro confirmou 121 óbitos durante a grande ação contra o Comando Vermelho (CV)

Foto: Agência Brasil


Pedido de socorro durante a operação policial

No dia da operação, que ocorreu na terça-feira (28), Tauã Brito recebeu uma mensagem do filho, que pedia ajuda. Segundo ela, o jovem se sentia encurralado e esperava que a presença da mãe pudesse livrá-lo de uma abordagem violenta. Tauã acredita que o filho pensava que, se a mãe estivesse ali, seria levado preso em vez de morto. No entanto, devido à movimentação policial e ao risco de confrontos, a mãe afirmou não ter conseguido chegar a tempo até a área de mata onde o filho estava.

Reconhecimento do corpo

O corpo do jovem foi localizado na madrugada de quarta-feira (29). Tauã contou que só conseguiu entrar no local após as 20h, quando a polícia deixou a área, e encontrou o filho já sem vida, com sinais de violência. O corpo apresentava um tiro na cabeça, marca de corda no braço e um dos braços cortado.

Dor compartilhada pelas famílias

A mãe relatou que deseja mudanças e pede atenção para a dor vivida por todas as famílias envolvidas na tragédia. Ela destacou que a dor dos parentes dos mortos na operação é igual à dos familiares de policiais que também perderam entes queridos em confrontos armados. A mãe reitera que sempre trabalhou e nunca apoiou as escolhas do filho, mas não conseguia abandoná-lo.

A dor dela não é diferente da minha, porque ela é mãe como eu e como todas as outras mães dos corpos que estavam lá. A gente também precisa ser ouvido. – Tauã Brito, mãe de vítima

Esquema especial para reconhecimento no IML

O Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro realiza um esquema especial de atendimento às famílias das vítimas. Aproximadamente 80 corpos já passaram por exames de necropsia, e parte deles foi liberada para retirada das famílias. Corpos que não têm ligação com a operação estão sendo encaminhados provisoriamente para o IML de Niterói.

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