Advogado de Bolsonaro afirma que militares poderiam traí-lo em suposto golpe

O advogado Paulo Cunha Bueno, que representa o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmou nesta sexta-feira (29), em entrevista à GloboNews, que, caso o suposto golpe de Estado fosse concretizado, o beneficiado não seria Bolsonaro, mas sim uma junta militar. Segundo ele, o ex-presidente teria sido traído pelos envolvidos na suposta conspiração.

“Quem seria o grande beneficiado? Segundo o plano do general Mario Fernandes, seria uma junta que seria criada após a ação do Plano Punhal Verde e Amarelo. Nessa junta, não estava incluído o presidente Bolsonaro. Não tem o nome dele lá, ele não seria beneficiado disso. Quem iria assumir o governo, se esse plano terrível desse certo, seria aquele grupo, e não o Bolsonaro”, afirmou o advogado.

Documento aponta plano de assassinato de Lula

De acordo com documentos apreendidos, o general Mario Fernandes, ex-secretário-executivo da Presidência durante o governo Bolsonaro, teria elaborado um plano que previa o assassinato do então presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 2022. Entre as alternativas consideradas, estavam envenenamento ou o uso de substâncias químicas para causar um colapso orgânico, aproveitando a vulnerabilidade de saúde de Lula.

O relatório aponta ainda que Bolsonaro teria conhecimento do plano, que incluía a eliminação do atual vice-presidente e de um ministro da Suprema Corte. No entanto, Bueno negou essa alegação, afirmando que “a trama assassina nunca chegou ao conhecimento dele”.

Advogado descarta prisão do ex-presidente

Bueno argumentou que Bolsonaro não apoiaria um golpe e, por isso, teria sido alvo de traição. Ele também declarou que o ex-presidente não tinha obrigação de denunciar a suposta conspiração, já que “é crível que as pessoas o abordassem com todo tipo de proposta”.

Quanto à possibilidade de prisão, o advogado rejeitou a ideia, defendendo que Bolsonaro deveria ser julgado por uma corte imparcial. “Não faria sentido que houvesse algum tipo de prisão. O que espero é que meu cliente seja julgado pela corte competente, por juízes imparciais e não por desafetos pessoais. Isto é o mínimo que alguém acusado, eventualmente, tem o direito de ter”, disse.

Prisões e acusações

Mario Fernandes, outros três militares das Forças Especiais do Exército e um agente da Polícia Federal foram presos na última semana, acusados de planejar a tentativa de golpe. O relatório final da investigação envolve Bolsonaro e mais 36 pessoas, com possíveis penas que somam até 28 anos de prisão.