Cresce o número de pessoas morando sozinhas no Brasil e em Minas Gerais

Estudo revela que, nos últimos 12 anos, o total de domicílios unipessoais praticamente dobrou, refletindo mudanças culturais e comportamentais na sociedade.

Por Plox

31/01/2025 09h11 - Atualizado há 16 dias

O número de pessoas que vivem sozinhas tem crescido significativamente no Brasil, seguindo uma tendência de individualização e independência. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o total de domicílios habitados por apenas uma pessoa aumentou 98,5% no país entre 2010 e 2022. Minas Gerais acompanha esse movimento, registrando um salto de 783,5 mil para 1,5 milhão de domicílios unipessoais no mesmo período.

Foto: Pixabay /Reprodução

Especialistas apontam que essa mudança se deve à valorização da autonomia e à transformação cultural da sociedade. O conceito de liberdade e independência tem se fortalecido, tornando a decisão de morar sozinho uma escolha cada vez mais comum. Antes, essa realidade era vista com receio e associada à solidão, mas hoje se consolida como um estilo de vida.

Mudanças culturais e sociais

O avanço desse fenômeno reflete uma mudança no comportamento social. No passado, sair da casa dos pais estava diretamente relacionado ao casamento. Atualmente, as pessoas buscam essa independência mais cedo, impulsionadas pelo desejo de ter um espaço próprio e pela possibilidade de tomar decisões sem interferência externa.

A crescente inserção das mulheres no mercado de trabalho e a redução do tamanho das famílias também influenciam esse cenário. A liberdade para construir trajetórias individuais tem sido um fator determinante para a expansão do chamado “movimento single”, em que morar sozinho não é apenas uma necessidade, mas uma escolha valorizada.

Adaptação e desafios da vida solo

Embora morar sozinho traga benefícios como autonomia e tranquilidade, também pode apresentar desafios. A adaptação a uma rotina sem a presença constante de outras pessoas exige um período de transição, no qual o indivíduo aprende a lidar com a própria companhia. A falta de interação diária pode gerar momentos de silêncio e reflexão, exigindo novos hábitos e formas de socialização.

Muitos buscam compensar essa mudança com atividades externas, mantendo uma vida social ativa e equilibrando a solidão com encontros e compromissos. Essa reorganização de rotina faz parte do processo de autoconhecimento que morar sozinho proporciona.

Envelhecimento e novas perspectivas

O aumento da população idosa vivendo sozinha é outro aspecto relevante desse fenômeno. Segundo o IBGE, em 2010 havia 2,6 milhões de pessoas com 60 anos ou mais morando sozinhas no Brasil. Em 2022, esse número mais que dobrou, alcançando 5,6 milhões. O envelhecimento populacional é apontado como a principal causa desse crescimento.

Muitas pessoas mais velhas encontram nesse estilo de vida uma oportunidade de autonomia, mesmo após mudanças significativas, como a saída dos filhos de casa ou o falecimento do parceiro. A visão sobre a solidão na terceira idade também tem se transformado, e cada vez mais idosos demonstram satisfação em viver sozinhos, aproveitando essa fase da vida de maneira independente.

Impacto da pandemia

A pandemia da Covid-19 acelerou a aceitação da vida solitária. O período de isolamento social fez com que muitas pessoas se acostumassem a passar mais tempo sozinhas, influenciando diretamente a escolha de morar sem companhia após o fim das restrições. Esse novo comportamento tem se consolidado, contribuindo para o crescimento do número de domicílios unipessoais.

Fatores econômicos e busca por conforto

A estabilidade financeira também impulsiona a decisão de morar sozinho. Com o aumento da renda e maior acesso a oportunidades de trabalho, jovens e adultos priorizam a conquista de um espaço próprio como um dos primeiros passos na vida independente. O desejo de conforto e autonomia leva muitos a investirem em moradias individuais assim que se tornam financeiramente capazes de sustentar esse estilo de vida.

Com esses fatores em jogo, especialistas acreditam que a tendência de crescimento dos domicílios unipessoais deve continuar nos próximos anos, consolidando um novo perfil da sociedade brasileira, cada vez mais voltado à individualização e à independência.

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