Dólar recua para R$ 5,85 após decisões de juros no Brasil e nos EUA, enquanto Bolsa dispara

Mercado reage a movimentações do Copom e do Fed; Ibovespa avança com otimismo e alta da Vale

Por Plox

31/01/2025 07h53 - Atualizado há 8 dias

O dólar fechou em queda de 0,25% nesta quinta-feira (30), cotado a R$ 5,85, após as decisões de juros do Brasil e dos Estados Unidos. A moeda americana começou o dia em alta e chegou a bater R$ 5,949, mas perdeu força no meio da tarde. Paralelamente, a Bolsa brasileira disparou 2,75% e atingiu 126.833 pontos às 17h, impulsionada pelo otimismo dos investidores e pela valorização de 5% da Vale.

Foto: Pexels/banco de imagens

Copom eleva Selic para 13,25% no primeiro encontro sob nova gestão

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic em 1 ponto percentual, levando-a a 13,25% ao ano. Essa foi a primeira reunião sob o comando de Gabriel Galípolo, indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A decisão foi unânime e seguiu a sinalização feita na reunião de dezembro.

No comunicado, o Copom reforçou a intenção de realizar mais um aumento de 1 ponto percentual na próxima reunião, em março, devido à "continuidade do cenário adverso para a convergência da inflação". No entanto, evitou indicar um ritmo de ajuste para os encontros seguintes.

Analistas acreditam que a taxa de juros pode ultrapassar os 15% ao ano, caso o cenário inflacionário continue pressionado. O último boletim Focus prevê que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerre o ano em 5,50%, acima do centro da meta de 3%, que tem uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.

O presidente Lula comentou a decisão e afirmou que o governo seguirá atuando para garantir a estabilidade econômica:
"Uma pessoa que tem a experiência de lidar com o Banco Central como eu tenho tem consciência de que, em um país do tamanho do Brasil, o presidente do BC não pode dar um cavalo de pau num mar revolto de uma hora para outra", disse. Ele acrescentou que, por ora, não vê necessidade de novas medidas fiscais, mas que poderá reavaliar essa posição conforme o cenário evolua.

Fed mantém juros nos EUA e adota tom mais cauteloso

Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) manteve a taxa de juros na faixa entre 4,25% e 4,5%, decisão amplamente esperada pelo mercado.

Diferentemente dos comunicados anteriores, o Fed retirou a afirmação de que a inflação estava progredindo em direção à meta e destacou que o ritmo de alta dos preços "permanece elevado". Apesar disso, as autoridades acreditam que a redução da inflação será retomada ao longo do ano, sem dar sinais claros sobre quando os juros poderão começar a cair.

A incerteza sobre as políticas econômicas do presidente Donald Trump também impacta o cenário. Desde a campanha eleitoral, o republicano prometeu aumentar tarifas de importação para produtos vindos da China, União Europeia, Canadá e México. Especialistas avaliam que essas medidas podem elevar os custos de produção, provocar retaliações comerciais e gerar um repique inflacionário, o que dificultaria o trabalho do Fed no controle da inflação.

O presidente do Fed, Jerome Powell, declarou que ainda é cedo para avaliar os impactos das políticas de Trump na economia:
"Não sabemos o que acontecerá com as tarifas, com a imigração, com a política fiscal e com a política regulatória", afirmou.

Impactos no mercado: Ibovespa sobe com otimismo dos investidores

O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, reagiu positivamente às decisões do Copom e do Fed, impulsionado pelo entendimento de que a Selic pode não subir tanto quanto o previsto. A percepção de que o Banco Central pode flexibilizar sua postura a partir de maio refletiu na curva de juros, onde os contratos de curto prazo recuaram mais de 2%.

O avanço do Ibovespa foi puxado pela forte valorização da Vale, que subiu 5% no pregão. Praticamente todas as empresas da carteira teórica do índice operaram em alta, refletindo o otimismo do mercado.

No cenário internacional, o Banco Central Europeu (BCE) cortou os juros mais uma vez e sinalizou que pode continuar afrouxando a política monetária, já que os riscos de estagnação da economia superam as preocupações com a inflação.

Enquanto isso, os dados do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos mostraram um crescimento de 2,3% no quarto trimestre de 2024, desacelerando em relação aos 3,1% registrados no trimestre anterior.

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