Lula aposta em Pacheco para enfraquecer Zema e projetar disputa em Minas
Presidente reforça apoio ao presidente do Senado para o governo mineiro, movimentando tabuleiro político para 2026 e desafiando o domínio de Zema no estado
Por Plox
31/01/2025 09h02 - Atualizado há 9 dias
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou claro seu desejo de ver Rodrigo Pacheco (PSD-MG), atual presidente do Senado, como governador de Minas Gerais. Essa declaração pública não apenas reforça a proximidade entre os dois, mas também amplia o embate político com o governador Romeu Zema (Novo), mirando diretamente as eleições de 2026.

Até o momento, Pacheco vinha atuando como um ponto de equilíbrio entre Zema e o governo federal, impedindo que o governador adotasse um tom ainda mais crítico contra o Planalto. No entanto, com essa nova configuração, o Executivo mineiro perde um de seus principais amortecedores e precisará enfrentar as disputas políticas sem esse respaldo.
Movimentação do Planalto e reforma ministerial
A declaração de Lula ocorreu durante uma entrevista coletiva na última quinta-feira, num contexto em que a comunicação do governo federal busca se reestruturar. Embora tenha evitado dar detalhes sobre a reforma ministerial, o presidente fez questão de reforçar o desejo de contar com Pacheco no governo mineiro. Essa posição já era conhecida nos bastidores, mas Lula agora a torna pública, intensificando os efeitos políticos da aliança.
O impacto do Propag e a estratégia de Zema
Pacheco é um dos principais articuladores do Programa de Pleno Pagamento das Dívidas dos Estados (Propag), essencial para a recuperação fiscal de estados endividados como Minas Gerais. Apesar disso, Romeu Zema utilizou vetos feitos por Lula em pontos do projeto como munição política para se posicionar como adversário do petista.
“O Propag foi sancionado, mas os vetos do presidente Lula deixam os estados muito prejudicados. Parabenizo o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, pelo esforço. Já o governo federal prefere se passar por bom samaritano, mas, ao invés de cortar gastos, joga a conta pros estados”, afirmou Mateus Simões (Novo), vice-governador de Minas.
Inicialmente, Zema chegou a declarar que não aderiria ao programa caso os vetos fossem mantidos, mas depois recuou. Mesmo assim, ele continua criticando a interferência do Planalto: “O projeto muito bom do senador Rodrigo Pacheco, que nós acreditávamos e ficamos satisfeitíssimos, foi totalmente mutilado pelo governo federal”, declarou o governador.
Agora, Zema tenta reunir apoio entre os estados endividados para derrubar os vetos de Lula no Congresso. No entanto, essa missão não será fácil, já que Minas Gerais conta com 10 deputados do PT, incluindo Reginaldo Lopes e Rogério Correia, ambos vice-líderes do governo na Câmara.
O futuro político de Pacheco e a disputa mineira
A liderança de Zema em Brasília dependia, em parte, da influência de Rodrigo Pacheco no Senado. Mesmo após deixar a presidência da Casa, o mineiro terá o apoio de seu sucessor, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), mantendo certa relevância para a condução de pautas. No entanto, ao se alinhar publicamente com Lula, Pacheco inevitavelmente entra em rota de colisão com Zema e sua base antipetista.
Ainda hesitante sobre a candidatura ao governo mineiro, o presidente do Senado se torna uma peça-chave na estratégia de Lula para ampliar sua influência no estado. Para o Planalto, ele representa uma alternativa viável em um cenário eleitoral onde a direita já conta com nomes como o vice-governador Mateus Simões, o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos) e o deputado federal Nikolas Ferreira (PL).
Independentemente da decisão de Pacheco, o movimento de Lula já impacta a dinâmica política de Minas, enfraquecendo o discurso antipetista de Zema e antecipando o tom da disputa para 2026.