Policiais são os profissionais mais propensos a surtos

Segundo o neurocientista Fabiano de Abreu, atitudes surtadas podem acontecer com qualquer pessoa

Por Plox

31/03/2021 10h15 - Atualizado há mais de 3 anos

Ainda muito se fala sobre a morte do soldado baiano da Polícia Militar da Bahia, Wesley Soares. No meio de uma crise de surto, o policial deu vários tiros mirando outros colegas de profissão. Fracassados na tentativa de partir para uma negociação com Soares, agentes do BOPE acabaram executando o soldado. Após três horas e meia de negociações, o Bope considerou ser necessária a medida extrema de matar o soldado. O neurocientista Fabiano de Abreua firma que surtos podem acontecer com qualquer um. Esse acontecimento trouxe uma discussão: o policial estava certo ou errado? Essa questão vem sendo discutida por políticos tanto da base como da oposição a Bolsonaro. Entretanto, pouco se debateu até agora que esse tipo de situação tem muitas chances de causar complicados problemas para quem sofre a crise, além de afetar também aqueles que estão à sua volta.

Como se manifesta o surto psicótico

De acordo com o Phd em Ciências da Saúde, Fabiano de Abreu, muitos fatores que encontram relação com as condições psicológicas têm possibilidades de provocar um surto psicótico. Ele afirma: “a psicose é um indício das formas mais graves de transtorno mental e pode se manifestar repentinamente”.

Outras causas também tornam possíveis situações como essa. Ele detalha os motivadores de um surto psicótico:

“Doenças hepáticas, hormonais, doenças que afetam de forma significativa o sistema imunológico. Além disso, causas relativa a disfunções graves nos neurotransmissores, e isso pode ser causado pelo abuso ou abstinência de substâncias químicas, medicamentos, lesões cerebrais, ou qualquer coisa que possa afetar o sistema nervoso central”

No momento do surto, o Phd explica, “as pessoas costumam perder o contato com a realidade. Elas ficam com uma fixação exagerada em algo derivado do emocional que impede o envio de informação para a região racional do cérebro. A pessoa fica presa em sua própria atmosfera e realidade não percebendo as nuances ao seu redor, com falhas cognitivas. Se fecha em um estado perturbador, crítico que pode resultar até mesmo na morte de alguém ou suicídio”

Saiu da própria Secretaria de Segurança Pública da Bahia uma nota que dá a confirmação que o PM vivia um transtorno no momento dos disparos. "O soldado alternava momentos de lucidez com acessos de raiva, acompanhados de disparos. Além dos tiros de fuzil, o soldado arremessou grades, isopores e bicicletas, no mar", detalhou a Secretaria.

Esse acontecimento suscitou um debate: Tinha outra maneira de agir com o soldado baiano? O comandante do Bope, major Clédson Conceição garantiu que houve uma tentativa  de encontrar a melhor solução para esta situação: 

"Buscamos, utilizando técnicas internacionais de negociação, impedir um confronto, mas o militar atacou as nossas equipes. Além de colocar em risco os militares, estávamos em uma área residencial, expondo também os moradores, afirmou".

Por outro lado, o neurocientista Fabiano de Abreu aconselha que a Polícia lance mão de outra atitude quando ver um indivíduo em surto psicótico: 

“A pessoa quando está surtada precisa de ajuda, mesmo que naquele momento não consiga reconhecer isso e esteja colocando a vida de outros em risco. Mas, para preservar a vida de quem passa por situações como essa, uma sugestão que faço é que os militares possam usar armas com algum tipo de tranquilizante. Assim a pessoa estará sedada, sem poder de reação, e poderá ser encaminhada para o melhor tratamento indicado”, explica.

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