O funcionamento do cérebro ao contar mentiras: o que ocorre quando mentimos?

No dia 1º de abril, comemora-se o Dia da Mentira, uma data em que é comum contar histórias falsas e fazer brincadeiras com amigos e familiares. Mas você já se perguntou como o cérebro funciona ao mentir?

Segundo o médico Fabiano de Abreu, pós-doutor em neurociências, o cérebro humano utiliza diversas áreas para criar e sustentar uma mentira, tornando-a convincente.

Etapas da mentira e áreas cerebrais envolvidas

Ao contar uma mentira, o cérebro passa por algumas etapas: 1º) decidir mentir; 2º) formular uma mentira verossímil; 3º) aparentar verdade. Fabiano de Abreu explica que a primeira etapa envolve áreas como o córtex pré-frontal, ventromedial e orbitofrontal, responsáveis pela análise de valores e tomada de decisões. Nesse caso, a pessoa decide omitir um fato e substituí-lo por algo mais favorável.

A segunda etapa, que consiste em formular uma mentira verossímil, é mais complexa. O lobo temporal é utilizado para analisar memórias, emoções e imagens visuais, enquanto o córtex cingulado anterior é responsável pelo autocontrole e o lobo frontal acrescenta racionalidade à nova narrativa, tornando-a mais crível.

Por fim, para passar a imagem de verdade, o córtex cingulado anterior é novamente ativado, dessa vez para controlar o sistema límbico, relacionado à culpa por mentir. Isso evita sinais físicos de nervosismo que possam denunciar a mentira.

Mitomania: o transtorno da compulsão por mentir

A mitomania é um transtorno que afeta crianças e adultos, levando-os a uma compulsão por contar mentiras, mesmo sem benefícios aparentes. Esse comportamento pode trazer consequências negativas para a vida social do indivíduo e pode estar associado a outras condições, como personalidade antissocial, ansiedade e hiperatividade.

Portanto, antes de optar por contar uma mentira, lembre-se de que o cérebro trabalha muito mais para criar e sustentar uma falsidade do que para contar a verdade.