Laudo falso sobre Boulos leva Marçal a ser denunciado pelo MP
Ex-coach é acusado de difamar adversário com documento forjado; vereador que compartilhou postagem também é punido
Por Plox
31/05/2025 09h57 - Atualizado há 3 dias
No auge da disputa pela prefeitura de São Paulo em 2024, uma publicação nas redes sociais acabou se tornando alvo da Justiça. O Ministério Público Eleitoral (MPE) denunciou Pablo Marçal (PRTB) por difamação contra Guilherme Boulos (PSol-SP), após ele divulgar um laudo médico falso em plena campanha.

O documento, publicado na véspera do primeiro turno, atribuía a Boulos um suposto surto psicótico relacionado ao uso de cocaína em janeiro de 2021. A acusação, no entanto, era infundada, e o exame toxicológico apresentado por Boulos posteriormente confirmou que ele não fazia uso de entorpecentes.
A denúncia do MPE também inclui o biomédico Luiz Teixeira da Silva Júnior, que teria forjado o laudo, e o advogado Tassio Renam Souza Botelho, que teria publicado o conteúdo nas redes sociais de Marçal. Ambos foram procurados pela imprensa, mas não se manifestaram.
Durante a campanha, Marçal ainda reforçou a narrativa mentirosa com insinuações constantes, chamando seu adversário de “comedor de açúcar” em referência ao suposto uso de drogas. A tática de desinformação, segundo a denúncia, foi usada estrategicamente para impactar a imagem de Boulos às vésperas da eleição.
Os efeitos da fake news não pararam por aí. O vereador Rubinho Nunes (União Brasil), que compartilhou o laudo falso em suas redes sociais, também foi punido. A Justiça Eleitoral cassou seu mandato e determinou a inelegibilidade por oito anos. A decisão foi proferida pelo juiz Antonio Maria Patiño Zorz, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, em resposta a uma ação movida por Leonardo dos Reis Adorno Becker, do PSol.
Na sentença, o juiz apontou que, mesmo que a publicação tenha ficado no ar por apenas 26 minutos, o alcance do perfil do vereador — com mais de 400 mil seguidores — amplificou os danos à lisura do processo eleitoral.
Para o magistrado, a alegação de que Rubinho desconhecia a falsidade do documento não afasta sua responsabilidade. O conteúdo, disseminado em meio à corrida eleitoral, foi considerado de alta gravidade por comprometer a legitimidade das eleições.
Em nota, Rubinho afirmou respeitar a decisão, mas afirmou que irá recorrer ao Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP) e, se necessário, ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), alegando não haver cometido ilegalidade.
O processo contra Marçal, o biomédico e o advogado segue sob segredo de justiça.