Trump ameaça sancionar Moraes e pode abalar relações Brasil-EUA
Reportagem do NYT aponta risco de ruptura diplomática após anúncio do governo Trump contra o ministro do STF
Por Plox
31/05/2025 18h41 - Atualizado há 4 dias
Uma nova tensão diplomática pode estar se desenhando entre Brasil e Estados Unidos. De acordo com o jornal norte-americano The New York Times, uma eventual sanção ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), promovida pelo governo de Donald Trump, tem o potencial de provocar uma ruptura nas relações entre os dois países.

A informação foi publicada em reportagem assinada por Jack Nicas, correspondente do NYT no Rio de Janeiro. Segundo ele, a iniciativa americana pode comprometer seriamente os laços entre as maiores nações do Hemisfério Ocidental.
O jornal destaca que Moraes se tornou alvo da Casa Branca após enfrentamentos com figuras como o empresário Elon Musk e o próprio ex-presidente Donald Trump, cuja empresa de mídia acionou judicialmente o ministro brasileiro.
A evidência mais concreta da movimentação foi um anúncio feito na quarta-feira (28), quando o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, revelou que os EUA adotariam restrições de vistos para autoridades estrangeiras envolvidas em atos que configurassem censura contra cidadãos americanos. Embora não tenha mencionado Moraes diretamente, a declaração soou como um sinal claro de retaliação.
Na semana anterior, Rubio já havia sugerido durante sessão no Congresso americano que Moraes poderia ser sancionado, acusando-o de atentar contra a liberdade de expressão de empresas e cidadãos dos EUA, o que poderia levá-lo a ser enquadrado na Lei Global Magnitsky.
O Departamento de Estado dos EUA não confirmou se Moraes está entre os alvos, mas a linguagem usada nas comunicações oficiais sugere críticas diretas ao ministro. $&&$\"Autoridades que exigem que empresas de tecnologia americanas removam conteúdo ou que ameacem prender cidadãos dos EUA por postagens online poderão ter vistos revogados\"$, destacou o NYT.
A reportagem revelou ainda que o Departamento de Justiça norte-americano teria enviado neste mês uma carta a Moraes, reprovando sua decisão de ordenar o bloqueio de contas na rede social Rumble, o que também envolveu usuários nos Estados Unidos.
Outros veículos internacionais reforçaram a narrativa de uma ofensiva do governo Trump contra o ministro brasileiro. O britânico Financial Times destacou que o Itamaraty estaria atuando nos bastidores para evitar que as sanções avancem. A publicação afirma que o governo Lula vê na ação uma tentativa de apoiar narrativas da direita brasileira e proteger Jair Bolsonaro, investigado sob acusação de conspiração golpista.
Os correspondentes do FT no Brasil afirmam que há um esforço diplomático de última hora para impedir um conflito aberto entre os dois países. Eles apontam que a Casa Branca vem se alinhando com os argumentos de aliados de Bolsonaro, incluindo Eduardo Bolsonaro, que atualmente reside nos EUA e tem pressionado autoridades americanas contra Moraes e o governo brasileiro.
Publicações como The Guardian, Clarín (Argentina) e El Universal (México) também abordaram a situação, mencionando que a medida anunciada por Rubio pode estar relacionada à chamada \"Lei Contra Censores em Nossas Fronteiras\" — proposta legislativa que visa impedir a entrada de autoridades estrangeiras consideradas inimigas da Primeira Emenda da Constituição americana, que protege a liberdade de expressão.
Segundo Paula Lugones, do Clarín, a proposta nasceu após o embate entre Moraes e Elon Musk, envolvendo a remoção de conteúdos e contas acusadas de disseminar desinformação. Já a colunista mexicana Eunice Rendón reiterou que as ações de Moraes, como o bloqueio de perfis na plataforma X (antigo Twitter), estariam motivando o endurecimento da política americana.
Enquanto os desdobramentos seguem em curso, cresce a apreensão nos meios diplomáticos e jurídicos brasileiros quanto ao impacto dessas possíveis sanções, que colocam em risco uma relação bilateral historicamente estratégica.