Dia Mundial do Orgasmo: ejaculação nem sempre é sinônimo de prazer

A ejaculação e o orgasmo, embora frequentemente associados, não são sinônimos, conforme explica Luiz Otavio Torres, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). Em entrevista à Agência Brasil no Dia Mundial do Orgasmo, celebrado nesta quarta-feira (31), Torres esclareceu que a ejaculação refere-se à saída do esperma ou fluido seminal, enquanto o orgasmo é a sensação de prazer. Embora geralmente ocorram juntos nos homens, há situações em que esses eventos se manifestam de forma independente.

Técnicas de controle da ejaculação

Em algumas culturas, por razões religiosas, homens desenvolvem técnicas para evitar a ejaculação durante o ato sexual, mantendo a capacidade de orgasmo. "Eles conseguem ter orgasmo sem ejacular e só ejaculam quando querem procriar", afirmou Torres. Outra situação em que o orgasmo ocorre sem ejaculação é em homens submetidos à cirurgia de câncer de próstata, onde a próstata e as vesículas seminais são removidas. "O homem passa a não ter mais esperma, mas continua tendo orgasmo do mesmo jeito”, explicou o urologista.

Ejaculação retrógrada e seus efeitos

Torres também mencionou o uso de medicamentos que causam ejaculação retrógrada, onde o esperma é redirecionado para a bexiga em vez de ser expulso para fora do corpo. Esse fenômeno não apresenta riscos à saúde, pois o sêmen é expulso durante a micção. "A saída do esperma é para engravidar. A sensação do orgasmo é o prazer que o homem tem. Como os homens não sabem que são dois fenômenos diferentes, eles misturam uma coisa com a outra", afirmou.

Desinformação sobre saúde sexual masculina

A psiquiatra Carmita Abdo, professora da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), destaca a importância do Dia Mundial do Orgasmo para refletir sobre a saúde sexual masculina, um tema cercado por mitos e desinformação. Segundo Carmita, o orgasmo e a ejaculação geralmente marcam o clímax do ato sexual, "quando ele é concluído com satisfação". No entanto, questões emocionais podem interferir, e a falta de produção de esperma não impede o orgasmo, já que este é um processo cerebral.

Ejaculação precoce e suas implicações

Carmita Abdo também aborda a ejaculação precoce, uma das disfunções sexuais mais comuns entre homens de todas as idades e regiões. "A proporção é de 20% a 30% da população masculina com dificuldade no controle da ejaculação", afirmou. Ela explicou que alguns homens ejaculam imediatamente após a penetração, enquanto casos mais graves envolvem ejaculação ao iniciar o contato com a parceira.

Tratamento para ejaculação precoce

A boa notícia, segundo Carmita, é que a ejaculação precoce tem tratamento, que pode envolver terapia sexual e, em muitos casos, tratamento medicamentoso. "O medicamento ajuda a reequilibrar o sistema nervoso central, ajustando a forma como os neurotransmissores atuam no psiquismo desse homem, resultando no controle da ejaculação", explicou.

Importância da conscientização sobre disfunções sexuais

Carmita enfatiza que a conscientização sobre disfunções sexuais é crucial para que os homens não se sintam constrangidos diante de suas parceiras. A falta de informação pode levar a sentimentos de culpa e vergonha, comprometendo a sensação de prazer. "Às vezes, ele é mal interpretado, como se estivesse só pensando em si quando, na verdade, não é isso que está acontecendo", disse. Para muitos homens, essa situação pode levar à evasão da atividade sexual. "Quanto mais cedo esse tratamento começar, mais rapidamente o homem vai passar a ter controle sobre a ejaculação e viver intensamente o prazer do orgasmo."

Este texto busca esclarecer a distinção entre ejaculação e orgasmo, além de destacar a importância do conhecimento e tratamento adequado das disfunções sexuais para a saúde e bem-estar dos homens.