MG lida com alta de casos de coqueluche e prevê normalizar estoque de vacina em setembro

Minas Gerais enfrenta desafios com imunização enquanto números da doença disparam

Por Plox

31/08/2024 10h59 - Atualizado há cerca de 1 mês

Com um crescimento significativo nos casos de coqueluche, que passaram de 14 em todo o ano de 2023 para 121 nos primeiros meses de 2024, Minas Gerais está em alerta máximo, especialmente após a primeira morte registrada pela doença desde 2019. O governo estadual espera normalizar o estoque da vacina tríplice bacteriana (DTP) até setembro, imunizante crucial para reforçar a proteção contra coqueluche, difteria e tétano.

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Problemas no fornecimento e impacto na imunização

A escassez do imunizante DTP, aplicado em doses de reforço aos 15 meses e aos quatro anos de idade, é atribuída a dificuldades de aquisição pelo Ministério da Saúde, conforme relatou Eduardo Prosdocimi, subsecretário de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). "É uma falta pontual, em algumas unidades, mas nada estrutural. Minas já solicitou o envio de doses, e o ministério está se prontificando a enviar", afirmou Prosdocimi.

Apesar de ser um problema pontual, a falta da vacina tem agravado os índices de cobertura vacinal no estado, que já estão abaixo da meta nacional de 95%. Atualmente, a cobertura da DTP é de 83,73%, enquanto a vacina pentavalente, também utilizada no combate à coqueluche em crianças menores de seis meses, registra um percentual de 83,50%, segundo dados da SES-MG.

Risco de surto e medidas preventivas

Mesmo com o aumento expressivo nos casos, o governo estadual ainda não classifica a situação como um surto iminente, mas alerta para a necessidade urgente de intensificar a vacinação. "Preocupa, porque é uma doença imunoprevenível e pode ser evitada com o uso da vacinação. Vale nossa recomendação: vacine-se", reforçou Prosdocimi.

José Geraldo Leite Ribeiro, médico epidemiologista, destaca que as doses de reforço podem ser administradas assim que as vacinas estiverem disponíveis, desde que as crianças tenham menos de sete anos. Ele também explicou que, na ausência da DTP, a vacina dTpa pode ser uma alternativa, embora não esteja disponível no sistema público para crianças. "Nunca existe intervalo máximo entre doses de vacina. Sempre é possível fazer o reforço", disse Ribeiro.

Cobertura vacinal e desafios futuros

Os índices de imunização, que vinham apresentando uma queda desde 2015, mostram sinais de recuperação em 2024. Segundo Prosdocimi, "estamos melhor em 2024 do que estávamos em 2023". Contudo, ele e Ribeiro reconhecem que movimentos antivacina e a desinformação ainda representam obstáculos significativos para alcançar coberturas vacinais mais altas. Ribeiro expressou otimismo quanto ao futuro: "O trabalho realizado em Minas Gerais nos dá muita esperança de que as coberturas elevadas anteriores voltem a ser atingidas".

Coqueluche: sintomas, transmissão e tratamento

A coqueluche, também conhecida como tosse convulsa, apresenta-se em três fases distintas:

  • Fase catarral (1 a 2 semanas): caracterizada por coriza, febre baixa, espirros e uma tosse leve que gradualmente piora.
  • Fase paroxística (2 a 6 semanas): marcada por uma tosse intensa e rápida, com episódios que podem durar vários minutos e são seguidos por um som característico de "guincho". Vômitos e fadiga extrema também são comuns.
  • Fase de convalescença (semanas a meses): a tosse começa a diminuir gradualmente, mas pode reaparecer em caso de outras infecções respiratórias.

A transmissão ocorre principalmente através do contato direto com gotículas eliminadas ao tossir, espirrar ou falar. O tratamento inclui o uso de antibióticos, repouso, hidratação e isolamento do paciente para evitar a propagação da doença.

Esquema vacinal e disponibilidade da vacina

O esquema vacinal contra a coqueluche inclui três doses da vacina tríplice bacteriana (DTP) aos dois, quatro e seis meses de idade, seguidas de doses de reforço aos 15 meses e aos quatro anos. Gestantes também devem ser vacinadas a partir da 20ª semana de gestação para proteger o bebê.

Embora a vacina para adultos não esteja disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), exceto para gestantes e trabalhadores da saúde, ela pode ser adquirida no setor privado por cerca de R$ 200, com uma imunização que dura entre cinco a dez anos.

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