Lenda da Loira do Banheiro: mistério de uma jovem de São Paulo que casou com governador e nunca foi loira
Uma das lendas urbanas mais conhecidas do Brasil nasceu no interior
Por Plox
31/10/2024 21h17 - Atualizado há 8 meses
Maria Augusta de Oliveira Borges, cuja história originou a famosa lenda urbana da Loira do Banheiro, viveu uma vida marcada por imposições e um fim trágico, e os fatos em torno dela são ainda mais curiosos do que a lenda difundida por gerações. Nascida em Guaratinguetá, interior de São Paulo, Maria Augusta nunca foi loira e ainda chegou a se casar com um ex-governador do estado, revelando uma origem inesperada para a famosa história contada nas escolas.

Casamento forçado e vida trágica
Filha de uma família influente na cidade, Maria Augusta foi obrigada a se casar aos 14 anos com o conselheiro Dutra Rodrigues, um destacado professor de Direito Romano e influente figura política que viria a governar São Paulo no final do século XIX. O casamento, marcado pelo peso da vontade do pai de Maria Augusta, o Visconde de Guaratinguetá, não contou com a aprovação da jovem, que aceitou a união sob pressão.
Após três anos de casamento, Maria Augusta tomou uma decisão arriscada para a época. Vendeu algumas joias e partiu para a França, onde pretendia reconstruir sua vida. No entanto, essa nova fase foi interrompida por uma tragédia: ela contraiu raiva humana e morreu pouco depois de chegar à Europa, sem conseguir retornar ao Brasil.
O retorno misterioso e início dos fenômenos sobrenaturais
Devastada pela morte da filha e arrependida de tê-la forçado ao casamento, a mãe de Maria Augusta decidiu embalsamar o corpo e trazê-lo de volta a Guaratinguetá. O corpo foi então instalado em um cômodo da casa da família, cercado por objetos pessoais da jovem, incluindo um piano que ela costumava tocar. De acordo com o pesquisador e contador de histórias Thiago de Souza, os primeiros relatos de manifestações sobrenaturais da "Loira do Banheiro" surgiram exatamente nesse quarto, onde testemunhas afirmam que o espírito de Maria Augusta tentava sair de uma redoma de vidro, em busca de água. Isso pode estar relacionado ao fato de que uma das características da raiva humana é a hidrofobia, na qual o doente sente sede, mas é incapaz de beber.
Com o passar dos anos, a casa onde Maria Augusta foi exposta após a morte deu lugar à primeira escola de Guaratinguetá, e a lenda encontrou um novo ambiente para se consolidar.
Estudantes e o piano assombrado
Em um episódio que se tornaria central para a construção da lenda, um grupo de alunos decidiu matar aula e se trancou no cômodo da escola onde o corpo de Maria Augusta ficava exposto anteriormente. Ao entrarem no local, os estudantes ouviram o som de um piano tocando sozinho, causando pânico entre eles. Aterrorizados, saíram correndo e alertaram que um espírito rondava o banheiro da escola. A partir desse incidente, a história da Loira do Banheiro, agora uma lenda nacional, passou a ser contada e recontada nas escolas brasileiras.
Desvendando a aparência: ela não era loira
Contrariando a imaginação popular, Maria Augusta não era loira. "Ela nem loira era, e sim tinha cabelo ruivo", afirma Thiago de Souza, ressaltando um detalhe que revela a transformação da realidade em lenda.