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Agricultora faz crochê enquanto passa por cirurgia de tumor cerebral acordada no Paraná

Moradora de Cascavel, Elidamaris Galter permaneceu acordada e fazendo crochê durante procedimento para retirada de tumor com metástase no cérebro, em cirurgia pioneira no Hospital do Câncer Uopeccan

31/12/2025 às 10:00 por Redação Plox

A agricultora Elidamaris Ferreira Martins Galter, moradora de Cascavel, no oeste do Paraná, passou por uma cirurgia para retirada de um tumor no cérebro em que precisou permanecer acordada o tempo todo. Enquanto os médicos atuavam, ela escolheu fazer crochê para se manter calma e colaborar com a equipe.

Elidamaris Ferreira Martins Galter ficou acordada e fez crochê durante cirurgia no cérebro.

Elidamaris Ferreira Martins Galter ficou acordada e fez crochê durante cirurgia no cérebro.

Foto: Reprodução/ RPC.


Em procedimentos desse tipo, os pacientes ficam acordados para que a equipe médica possa monitorar, em tempo real, funções como fala, raciocínio e coordenação motora. Durante a operação, o paciente é estimulado a executar alguma atividade de que goste, ajudando a avaliar se áreas sensíveis do cérebro estão preservadas.

Diagnóstico de câncer de mama e metástase no cérebro

Elidamaris recebeu o diagnóstico de câncer de mama em 2023. Com o avanço da doença, houve metástase para o cérebro, com o surgimento de lesões em diferentes pontos. Antes da cirurgia, ela já havia passado por sessões de quimioterapia.


Segundo o neurocirurgião Bruno Amorim, a metástase atingiu uma área delicada:


O tumor estava localizado na região responsável pela fala, com inchaço que também afetava a área de movimento. Em casos assim, a cirurgia com o paciente acordado permite que a equipe controle, instante a instante, todas as funções neurológicas durante o procedimento.

Primeira cirurgia do tipo no Hospital do Câncer Uopeccan

Antes da retirada do tumor, Elidamaris passou por uma avaliação detalhada, incluindo análise de comportamento, capacidade de atenção e resposta a comandos. O objetivo era verificar se ela conseguiria se manter calma e colaborativa durante todo o ato cirúrgico.


A operação, realizada em novembro deste ano, foi a primeira com paciente acordado no Hospital do Câncer Uopeccan. O procedimento exige concentração constante de todos os envolvidos, já que qualquer alteração na fala ou nos movimentos pode indicar risco para áreas nobres do cérebro.


De acordo com o relato de Elidamaris, o médico ressaltou que esse tipo de cirurgia requer perfil tranquilo, especialmente no momento em que o paciente é despertado, para evitar reações bruscas, como tentar se levantar ou se movimentar de forma descontrolada.

Após cirurgia, Elidamaris continuará tratando câncer com radioterapia.

Após cirurgia, Elidamaris continuará tratando câncer com radioterapia.

Foto: Reprodução/ RPC.


Além de auxiliar no monitoramento neurológico, a escolha pelo crochê ajudou a agricultora a se acalmar durante a cirurgia. O procedimento foi considerado bem-sucedido, e agora o tratamento contra o câncer segue com sessões de radioterapia.

Mesmo diante das dificuldades, ela segue o tratamento e avalia que os resultados têm sido positivos.

Como ocorre a metástase cerebral

A metástase acontece quando células de um câncer se desprendem do tumor original e se espalham para outras partes do corpo, formando novos focos. No câncer de mama, essas células podem migrar pela corrente sanguínea ou pelo sistema linfático — rede de vasos e órgãos de defesa — e se alojar em regiões como o cérebro.


Durante a cirurgia, a equipe utiliza eletrodos e estímulos específicos para testar a superfície do cérebro, identificando as áreas responsáveis por funções como o movimento das mãos, da face e a fala. Esse mapeamento é essencial para remover o tumor com o menor risco possível de prejuízos neurológicos.


O cérebro, por sua vez, não recebe anestesia direta. Segundo o neurocirurgião, isso ocorre porque o órgão não possui receptores de dor. O desconforto fica restrito à pele e às membranas que o envolvem, estruturas que são anestesiadas para garantir a segurança e o conforto do paciente durante todo o procedimento.

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