Fome ainda atinge quase 1 milhão em São Paulo, aponta IBGE

Quase 1 milhão de pessoas enfrentam a fome diariamente em São Paulo, segundo dados recentes da Pnad Contínua, divulgada pelo IBGE. Apesar de uma leve redução na quantidade de pessoas em situação de insegurança alimentar grave nos últimos dois anos, o número ainda é expressivo.

Número de domicílios em situação de fome cai, mas desafio persiste

De acordo com o levantamento, o estado registrou 508 mil domicílios em 2023, o que representa cerca de 1,3 milhão de pessoas afetadas. Em 2024, esse número caiu para 409 mil residências, ou aproximadamente 970 mil pessoas vivendo diariamente com restrições severas de acesso à alimentação.

Programas sociais ajudam quem mais precisa

Diante desse cenário, iniciativas como o Armazém Solidário, da Prefeitura de São Paulo, surgem como alternativa para famílias de baixa renda adquirirem alimentos a preços mais acessíveis. A corretora de imóveis Daiane Amorim relata os impactos desse apoio ao conseguir comprar frutas e legumes por um valor reduzido no programa, o que permite que o orçamento mensal renda mais e garanta uma alimentação mais saudável.

Ajuda bastante porque às vezes a grana do mês está curta, então a gente acaba vindo aqui, economiza bastante e acaba levando bem mais do que nos mercados lá fora. É bacana porque tem várias coisas, frutas, legumes, uma coisa do dia a dia, até mais saudável para nossa alimentação. – Daiane Amorim, corretora de imóveis

Para ter acesso ao Armazém Solidário, é necessário estar inscrito no CadÚnico, sistema que reúne beneficiários de programas federais, estaduais e municipais.

Unidades atendem diferentes regiões da capital

O Armazém Solidário conta atualmente com sete unidades distribuídas na cidade: três na Zona Leste, três na Zona Norte e uma na Zona Sul, incluindo a do Jardim Regina, aberta em agosto, que já se tornou uma das mais procuradas pelos moradores.

O leite integral figura entre os produtos mais demandados, podendo ser adquirido por valores até 20% menores do que os praticados em supermercados convencionais. Outros itens chegam a custar metade do valor.

As pessoas se dirigem até os caixas de atendimento, onde tem um assistente social que vai consultar o CadÚnico, se a pessoa está verdadeiramente inscrita. É importante falar que é o CadÚnico da cidade de São Paulo. Assim que é consultado, a pessoa é liberada para ter o acesso ao armazém – Mariana Lozano, nutricionista do programa

Cada beneficiário pode adquirir até R$ 800 em mercadorias por mês, tornando o programa um suporte importante, sobretudo diante da alta dos preços dos alimentos.

Especialistas defendem ampliação do acesso

Para especialistas, como a professora Luciana Yuki Tomita, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), essas ações são essenciais, mas ainda há barreiras de acesso a serem superadas, principalmente para quem não está inscrito no CadÚnico. Entre os grandes desafios está localizar famílias que ainda não têm acesso ao cadastro e, consequentemente, aos benefícios sociais, garantindo o direito à alimentação adequada e saudável.

Alívio no orçamento para quem enfrenta o desemprego

A desempregada Mariane Oliveira, beneficiária do programa, relata a diferença significativa no orçamento após aderir ao Armazém Solidário:

Já aliviou bastante o bolso. Comprei um monte de coisas, graças a Deus, tive a oportunidade de estar fazendo essas comprinhas aqui, porque no outro mercado que eu ia pouquíssimas coisas já davam R$ 70 – Mariane Oliveira

Mesmo diante dos avanços, o desafio de combater a fome em São Paulo exige esforços integrados e expansão das iniciativas para alcançar quem mais precisa.