Ipatinga registra primeiro óbito por dengue em 2023
Além disso, há uma outra morte sob investigação na cidade
Por Matheus Valadares
02/06/2023 09h25 - Atualizado há cerca de 2 anos
O município de Ipatinga, na Região do Vale do Aço, teve o primeiro óbito por dengue em 2023 confirmado pela Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais (SES-MG). As informações constam na última atualização do painel de monitoramento de casos das arboviroses.
A Prefeitura do município informou através de uma nota oficial que a vítima é um senhor de 61 anos de idade, residente no bairro Horto.
“O óbito ocorreu em 20 de abril de 2023 no Hospital Metropolitano Vale do Aço (Unimed). A investigação foi conduzida pela Vigilância Epidemiológica de Cel. Fabriciano e pela Superintendência Regional de Saúde (SRS) de Cel. Fabriciano, tendo sido concluída no dia 26 de maio de 2023”.

Além disso, há uma outra morte sob investigação na cidade. No dia 23 de maio, foi divulgado o resultado do segundo Levantamento de Índice Rápido de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) do ano, em Ipatinga, que revelou que a infestação do mosquito da dengue está três vezes acima do aceitável pelo Ministério da Saúde (MS).
O MS orienta que o Índice aceitável para se ter o melhor controle de infestação por Aedes Aegypti e de uma possível epidemia, seja ela de Dengue, Zika ou Chikungunya e de até 1.0% de Infestação Predial (IP)
Em Ipatinga foram encontrados lavas do mosquito em 3,6% dos imóveis. O levantamento foi concluído no dia 19 de maio. Desde a nova atualização no painel de dados da SES-MG, foram confirmados mais 364 casos de dengue na cidade ipatinguense. Ao todo são 7.143 casos confirmados.

Além de Ipatinga, há um outro óbito confirmado na Macrorregião do Vale do Aço, Caratinga registrou uma morte pela doença em abril. Os municípios de Bugre, Ipaba, Ipatinga e Santana do paraíso também tem um óbito cada sob investigação.

Em números absolutos, o Vale do Aço tem 12.899 casos confirmados. Além de duas mortes constatadas e outras duas sob investigação. Os números de casos confirmados registrados nos primeiros cinco meses de 2023 comparados aos 1.959 registrados em todo o ano de 2022, mostra que os casos da doença subiram cerca de 500 vezes em toda a região.
Já em Minas, são 190.156 casos verídicos da doença. São 106 óbitos comprovado e outros 128 que ainda estão sendo investigados.

Sintomas
A enfermeira e referência técnica da Coordenação Estadual de Vigilância das Arboviroses, Suely Dias, explica que a dengue é uma doença febril aguda, sistêmica e dinâmica, geralmente com evolução benigna, mas que pode evoluir para formas graves. “As infecções por dengue podem ser assintomáticas ou apresentar sintomas que envolvem febre (geralmente acima de 38°C, de início abrupto e duração de 2 a 7 dias), dores de cabeça e musculares, dor nas articulações e atrás dos olhos. Também podem estar presentes vômitos, diarreia e erupções cutâneas vermelhas pelo corpo”, explica.
Já a chikungunya possui fase aguda com duração de 5 a 14 dias, uma fase pós-aguda que pode durar até 3 meses e pode se tornar crônica se os sintomas persistirem após esse período. Suely detalha que, na fase aguda, há surgimento abrupto de febre alta (maior de 38,5°C), dor forte nas articulações e músculos, dor de cabeça intensa e fadiga. “As manchas vermelhas da chikungunya surgem do 2º ao 5º dia após início da febre, afetando principalmente tronco, extremidades e face. Na fase pós-aguda e crônica, quando há persistência de sintomas, eles se manifestam principalmente nas articulações, com edema e dor”, afirma.

A infecção pelo Zika vírus pode ser assintomática ou sintomática. A referência técnica explica que geralmente a doença é autolimitada, variando de 2 a 7 dias. Pode apresentar febre baixa (menor que 38,5°C) ou ausente, erupções cutâneas vermelhas de início precoce, conjuntivite não purulenta, dor e edema nas articulações, dor de cabeça e aumento dos linfonodos. Deve-se atentar para manifestações neurológicas.
Tratamento
Suely Dias explica que não há tratamento específico nem vacina para as infecções por estes vírus. A recomendação, em caso de sintomas, é para que o paciente procure a Unidade Básica de Saúde mais próxima para avaliação. Além disso, é importante fazer repouso e cuidar da reposição de líquidos.
No caso de dengue, é extremamente importante que haja reconhecimento precoce dos sinais de alarme e gravidade. Para chikungunya, um profissional deve ser consultado para que sejam recomendados analgésicos e tratamentos não farmacológicos como fisioterapia e exercícios.
Suely também alerta que medicamentos devem ser utilizados somente com prescrição médica e para aliviar os sintomas. “Alguns medicamentos como ácido acetilsalicílico (AAS, Aspirina) e outros anti-inflamatórios não hormonais (ex.: Ibuprofeno, nimesulida, diclofenaco, etc.), podem aumentar complicações hemorrágicas, principalmente em caso de dengue, por isso não devem ser utilizados”, pontua.

Sequelas
As consequências mais relevantes das arboviroses a longo prazo são a cronificação, nos casos de chikungunya, e a transmissão vertical (ou seja, da mãe para o feto) da Zika, podendo levar à Síndrome Congênita associada à infecção pelo vírus.
Considera-se fase crônica de chikungunya quando os sintomas permanecem por mais de 3 meses, especialmente as dores musculares e articulares.
Na Zika congênita, fetos expostos à infecção pelo vírus durante a gestação, podem ter seu crescimento e desenvolvimento neurocognitivo comprometidos, podendo apresentar sinais clínicos como a microcefalia.
Prevenção e controle
Embora a dengue, Zika e chikungunya tenham tendência de maior concentração de casos entre os meses de janeiro e maio, em todo o Estado, é preciso reforçar que o vetor das doenças circula durante todo o ano. Por isso, os cuidados em relação ao combate aos focos do mosquito não devem cessar.

A principal forma de prevenir a dengue e outras arboviroses (doenças causadas por vírus transmitidos, principalmente, por mosquitos) como a chikungunya, febre amarela e Zika é evitar a proliferação do mosquito Aedes Aegypti. Dessa forma é importante tomar cuidados com criadouros e eliminar água armazenada, como em pneus, garrafas plásticas, piscinas sem uso e sem manutenção, vasos de plantas e, até mesmo, recipientes pequenos. É importante também trocar a água dos animais de estimação.
Por parte da saúde estadual, as ações permanentes, adotadas para conter o avanço dos casos de dengue em Minas, vão desde a mobilização de parceiros em todo o Estado, realização de Força-Tarefa (equipe composta por agentes da Saúde Estadual e da Fundação Nacional de Saúde – Funasa) em municípios com alta incidência de pessoas com dengue e alta infestação do mosquito, campanhas educativas por meio das redes sociais, mobilização da população sobre os cuidados para evitar os focos do Aedes aegypti, até a elaboração dos Planos de Contingência Estadual e Municipais para prevenção e controle das doenças transmitidas pelo mosquito.
Entretanto, a participação da população é de fundamental importância para o controle da doença, sobretudo quando se leva em conta o fato de as residências concentrarem 80% dos focos do mosquito transmissor. Destaca-se que a inspeção na residência, com a remoção de focos com água parada, é algo que não toma muito tempo e deve ser feita rotineiramente. Como exemplo, os vasos de plantas, pneus usados como possíveis criadouros do Aedes e outros objetos e recipientes em geral que possam acumular água.