Lula responsabiliza Banco Central e alta do dólar pelo aumento dos alimentos

Presidente critica gestão anterior do BC e busca diálogo com empresários para reduzir preços

Por Plox

06/02/2025 09h42 - Atualizado há cerca de 1 mês

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) responsabilizou a alta do dólar pelo aumento dos preços dos alimentos e atribuiu a situação a um Banco Central que, segundo ele, foi “totalmente irresponsável” e “deixou uma arapuca”. A declaração foi dada nesta quinta-feira (6) em entrevista a rádios da Bahia. Lula também anunciou reuniões com empresários do setor de alimentos na próxima semana para buscar soluções que aliviem o impacto no bolso da população.

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Críticas à gestão do Banco Central

O principal alvo da crítica de Lula foi Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para comandar o Banco Central. O petista argumentou que a política adotada durante sua gestão prejudicou a economia e contribuiu para a alta do câmbio.

“Nós tivemos o aumento do dólar porque nós tivemos um Banco Central totalmente irresponsável que deixou uma arapuca que a gente não pode desmontar de uma hora para a outra. Eu disse outro dia que a gente não pode dar um cavalo de pau em um navio do tamanho do Brasil. É preciso que a gente tenha juízo, faça as coisas com cuidado, porque um cavalo de pau em um mar revolto pode tombar o navio”, declarou Lula.

O presidente apontou que a desvalorização do real também foi influenciada pela campanha eleitoral nos Estados Unidos, mas afirmou acreditar que a moeda americana se estabilizará em breve. “Eu acho que o dólar se ajustando, os produtos vão ficar mais aqui [no Brasil]”, completou.

Impacto na inflação e medidas para conter preços

Lula destacou que a valorização do dólar tornou o Brasil um grande exportador de alimentos, o que elevou os preços internos. Segundo ele, “o Brasil virou verdadeiramente um celeiro do mundo” e a demanda internacional pelos produtos agrícolas do país tem pressionado a inflação alimentar.

Para enfrentar essa questão, o presidente defendeu aumento da produção e melhoria na qualidade dos produtos. “Nós precisamos produzir mais e melhorar qualidade para que a gente possa baratear o preço”, afirmou. Ele descartou medidas como congelamento de preços ou fiscalização de estoques, enfatizando que a solução passa pelo diálogo com empresários do setor.

“Eu não posso fazer congelamento, eu não posso colocar fiscal para ir em fazenda e ver se o gado está guardado ou não. O que nós precisamos é chamar os empresários, conversar com todo o setor e ver o que a gente pode fazer para garantir que a cesta básica do povo brasileiro caiba dentro do seu orçamento com uma certa flexibilidade”, disse.

Reuniões com empresários e governo

Na próxima semana, Lula se reunirá com produtores de carne e empresários do setor de arroz para discutir formas de conter a alta dos preços. Além disso, pretende articular soluções dentro do próprio governo para tornar os alimentos mais acessíveis à população.

O presidente ressaltou que todos os setores da cadeia produtiva precisam agir com responsabilidade e sugeriu que a população também exerça um papel ativo no controle dos preços.

Papel do consumidor no controle de preços

Lula afirmou que será necessário um “processo educacional” para conscientizar os consumidores sobre a importância de não aceitarem preços abusivos. Ele defendeu que a melhor forma de pressionar pela redução de preços é boicotar produtos considerados caros.

“Uma das coisas mais importantes para que a gente possa controlar o preço é o próprio povo. Se você vai ao supermercado e desconfia que tal produto está caro, você não compra. Se todo mundo tiver essa consciência e não comprar aquilo que está caro, quem está vendendo vai ter que baixar para vender, senão vai estragar”, argumentou.

Destaques