Metroviários de BH decidem manter greve após 23 dias de paralisação e nova assembleia é marcada

Cerca de 100 mil usuários continuam sendo afetados pela paralisação dos trens urbanos

Por Matheus Valadares

09/03/2023 11h33 - Atualizado há cerca de 2 anos

Os metroviários de Belo Horizonte decidiram em assembleia nesta quinta-feira (9) manter a greve do metrô, que já completa 23 dias. Com isso, todas as estações permanecem fechadas e cerca de 100 mil usuários continuam sendo afetados pela paralisação dos trens urbanos na capital mineira.

Usuários do transporte público seguem sem poder se locomover através do metrô. Foto: Matheus Valadares/Plox.

 

Nova assembleia será realizada na sexta-feira (10)

A decisão de manutenção da greve será válida até sexta-feira (10), quando uma nova assembleia será realizada pela categoria na Praça da Estação, região central de Belo Horizonte, às 18h. Nesse encontro, os metroviários definirão se a paralisação continuará ou não.

Greve já completa oito dias sem expectativa de acabar

A greve do metrô de Belo Horizonte teve início em 14 de fevereiro e já completa oito dias sem expectativa de encerramento. Desde então, nenhuma viagem é realizada nas estações da cidade.

Paralisação recorde

Segundo a CBTU, essa é a primeira vez na história que o metrô de BH fica totalmente parado por tanto tempo. Em março e maio de 2022, houve um movimento que durou 42 dias, mas as viagens ocorriam de forma parcial entre as 10h e as 17h. Entre agosto e outubro também do ano passado, foram 36 dias com 60% da escala mínima em vigor. A maior paralisação total registrada pela CBTU até então era de 9 dias no final de 2022.

O governo de Minas, por meio da Seinfra, informou que os trâmites para assinatura do contrato de concessão do metrô da região metropolitana de Belo Horizonte estão em fase final e a data será informada tão logo haja definição. A CBTU e o BNDES também foram procurados, mas ainda não se manifestaram.

Leilão do metrô

O metrô da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) foi vendido ao grupo Comporte por R$ 25,7 milhões em um leilão realizado pela B3 (Bolsa de Valores de São Paulo), no dia 22 de dezembro do ano passado.

O lance mínimo para adquirir o metrô de BH era de 19,3 milhões. Também há projeção de investimento na casa dos R$ 3,7 bilhões para os próximos 30 anos, período previsto para duração do contrato de concessão. 

Metroviários tentam pressionar o governo federal para cancelar a privatização do metrô de BH. Foto: Matheus Valadares/Plox.

 

Agora o grupo Comporte precisará modernizar e ampliar  a Linha 1, e finalizar a conclusão da construção da Linha 2, que teve obras iniciadas em 1998, e paralisadas em 2004. A previsão é de que as estações começam a ser inauguradas a partir do quarto ano da concessão.

Hoje o metrô é gerido pela estatal Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). Para que o leilão ocorresse, foi criada a CBTU Minas Gerais (CBTU-MG). Então, a empresa vencedora comprará a CBTU-MG, além de conseguir a concessão do governo estadual para operar o serviço público de transporte metroviário de passageiros.

Privatização é o motivo da greve

A paralisação da classe tem como principal objetivo pressionar o governo federal para que seja suspensa a privatização do metrô belorizontino. Nesta sexta-feira (24), a classe planeja realizar uma manifestação no Pátio São Gabriel (PSG).

Além disso, os trabalhadores e sindicalistas tem como plano ir até Brasília na esperança de conseguirem dialogar com os membros do governo federal.

Sindimetro multado

O Sindimetro enfrenta uma multa que já ultrapassa os R$ 1 milhão, de acordo com a decisão do Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região (TRT-3). A multa diária, que chegou a R$ 150 mil entre os dias 17 e 22, permanece em R$ 100 mil nos demais dias em que a escala mínima não é cumprida.

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