Comando Vermelho e PCC se infiltram em presídios de todos estados do Brasil
O Comando Vermelho, fundado em 1979, já domina o Amazonas, uma rota estratégica para o tráfico internacional de drogas
Por Plox
14/12/2023 09h52 - Atualizado há mais de 1 ano
Um levantamento recente realizado pelo Ministério da Justiça revela um cenário alarmante dentro do sistema carcerário brasileiro: a presença marcante e crescente das facções criminosas Comando Vermelho (CV) e Primeiro Comando da Capital (PCC) em quase todas as unidades da federação. Essas organizações, originárias do Rio de Janeiro e São Paulo, respectivamente, demonstram uma expansão significativa, marcando presença em 24 estados e no Distrito Federal.

De acordo com os dados coletados, o CV atualmente opera em presídios de 21 estados, um aumento de seis unidades em comparação ao ano anterior. O PCC, por sua vez, está presente em 23 estados, evidenciando um crescimento igualmente preocupante.
Esta informação vem à tona após um meticuloso trabalho de investigação jornalística que analisou mais de 200 documentos, incluindo relatórios de inteligência, dados governamentais, e informações provenientes de diversas fontes, como advogados e membros das próprias facções.
Um dos pontos críticos deste fenômeno é a influência dessas facções fora das grades prisionais. Um exemplo notório ocorreu no Amazonas, onde membros do Comando Vermelho ameaçaram funcionários do sistema prisional e se recusaram a retornar às celas, oferecendo R$ 50 mil pela morte de um servidor. Este e outros incidentes semelhantes ilustram o nível de poder e audácia desses grupos.
O Comando Vermelho, fundado em 1979, já domina o Amazonas, uma rota estratégica para o tráfico internacional de drogas. A facção vem expandindo significativamente seu alcance nos últimos anos, marcando sua presença com uma série de conflitos violentos.
A Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), ligada ao Ministério da Justiça, aponta que existem atualmente 70 facções criminosas operando dentro das cadeias brasileiras. Destas, somente o Comando Vermelho e o PCC têm abrangência nacional. Outras 13 atuam regionalmente, enquanto 55 possuem influência mais localizada.
Especialistas apontam que este cenário é um sintoma do descontrole do poder público sobre o sistema penitenciário. A incapacidade de isolar lideranças criminosas, que continuam a comandar atividades ilícitas mesmo de dentro das prisões, e as condições precárias das cadeias, que facilitam o recrutamento de novos membros, são fatores que contribuem para o fortalecimento dessas organizações.
Em resposta, o Governo do Amazonas declarou que vem realizando investimentos significativos na segurança pública e no sistema prisional, visando melhorar a estrutura das unidades, implementar medidas de segurança avançadas, e capacitar melhor os agentes penitenciários.