Putin suspende acordo nuclear e guerra entre EUA e Rússia nunca foi tão tão provável

A retirada da Rússia do acordo New START e a disponibilização de novas armas estratégicas aumentaram a preocupação sobre um possível confronto direto entre as potências nucleares

Por Plox

21/02/2023 18h08 - Atualizado há mais de 1 ano

O presidente russo, Vladimir Putin, anunciou em um discurso na Assembleia Federal nesta terça-feira (21) que a Rússia suspendeu sua participação no tratado New START, o último acordo de controle de armas nucleares feito com os Estados Unidos. Ele também alertou que novas armas estratégicas foram disponibilizadas para combate, mas não especificou quais sistemas haviam sido colocados em serviço nem afirmou se seriam armas nucleares.

Putin em sua fala - Foto: divulgação

 

O que é o tratado New START?
O acordo assinado pelos presidentes Barack Obama e Dmitry Medvedev em 2010 limita o número de ogivas nucleares estratégicas que os Estados Unidos e a Rússia podem implantar em mísseis ou armamentos. O tratado entrou em vigor em 2011 e foi estendido em 2021 por mais cinco anos após a posse de Joe Biden. O acordo permite o acesso de inspetores dos EUA e da Rússia aos armamentos, para garantir que ambos os lados estejam cumprindo o tratado. Sob o acordo, Moscou e Washington se comprometem a não implantar mais do que 1.550 ogivas nucleares estratégicas e 700 mísseis e bombardeiros de longo alcance.
 

A decisão de Putin
Putin anunciou a medida durante seu discurso anual para a elite russa, no qual prometeu continuar com a operação militar da Rússia na Ucrânia e acusou a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), liderada pelos EUA, de inflamar o conflito na crença equivocada de que poderia derrotar Moscou em um confronto global. Falando quase um ano depois de ordenar uma invasão que desencadeou o maior confronto com o Ocidente desde o período da Guerra Fria, Putin disse que a Rússia "resolverá consistentemente as tarefas que enfrenta" na Ucrânia.
 

Reações internacionais
O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, lamentou a decisão da Rússia de suspender sua participação no acordo New START e pediu que Putin reconsidere esta decisão. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chamou o anúncio de Putin de profundamente infeliz e irresponsável. "Estaremos observando atentamente para ver o que a Rússia realmente faz. É claro que nos certificaremos de que, em qualquer caso, estejamos posicionados adequadamente para a segurança de nosso próprio país e de nossos aliados", disse Blinken.

 

Discurso de Putin na assembleia - Foto: divulgação


 

A ameaça de um confronto nuclear
Juntos, a Rússia e os Estados Unidos possuem cerca de 90% das ogivas nucleares do mundo, e ambos os lados enfatizaram que a guerra entre as potências nucleares deve ser evitada a todo custo. No entanto, a invasão da Ucrânia pela Rússia colocou os dois países mais perto de um possível confronto direto do que em qualquer momento nos últimos 60 anos. Tanto os EUA quanto a Rússia têm verificações para garantir que seus mísseis nucleares não possam ser usados acidentalmente, depois que anos de tensão durante a Guerra Fria.


Joe Biden reage às falas de Putin

 

Foto: reprodução Twitter Joe Biden

Em um discurso proferido nesta terça-feira (21), o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, rejeitou as alegações do presidente russo, Vladimir Putin, de que o Ocidente está conspirando para atacar a Rússia. Durante sua fala, Biden afirmou que o Ocidente não pretende controlar ou destruir a Rússia e que a Ucrânia nunca será uma vitória para o país.

As declarações de Biden surgiram em meio a uma escalada de tensão entre os Estados Unidos e a Rússia, após Putin anunciar a retirada do país do acordo de limitação de armas nucleares com os Estados Unidos, conhecido como New START. Putin também alertou que a Rússia colocou novas armas estratégicas à disposição para combate.  

Biden condenou a brutalidade de Moscou e seus crimes contra a humanidade, afirmando que a Rússia cometeu violações contra civis e usou a violação como arma de guerra. Ele declarou que os autocratas só entendem uma palavra: não, não, não e que as nações de todo o mundo não aceitarão um mundo governado pelo medo e pela força.

Esta é a segunda visita oficial de Biden à Polônia nos últimos 12 meses. Na quarta-feira, o presidente dos EUA deverá reunir-se, em Varsóvia, com os chefes de Estado e de Governo de nove países do flanco leste da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que ficam geograficamente mais próximos da Rússia.
 

A fala de Biden ocorre três dias antes do primeiro aniversário da ofensiva militar russa na Ucrânia, iniciada na madrugada de 24 de fevereiro de 2022. Putin ainda não conseguiu atingir o objetivo de controlar totalmente o Donbass, mas mantém um corredor terrestre que une o leste ucraniano à anexada península ucraniana da Crimeia (em 2014), através da costa do mar de Azov. Nas últimas semanas, fontes ucranianas e ocidentais têm alertado para o início de uma nova grande ofensiva russa, cenário que tem desencadeado apelos para aumentar o fornecimento de armamento a Kiev.
 

Veja também: Biden promete apoio à Ucrânia em discurso e desafia Putin

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