Polícia de SP investiga empresa de suplementos por suspeita de adulteração
Operação apreende 30 toneladas de creatina e interdita instalações por falta de licenças
Por Plox
27/11/2024 09h39 - Atualizado há 9 dias
A Polícia Civil de São Paulo realizou uma operação no início deste mês que resultou na apreensão de aproximadamente 30 toneladas de creatina pertencentes ao Grupo Soldiers, uma das maiores empresas de suplementos alimentares do Brasil. A investigação apura suspeitas de adulteração nos produtos, que são vendidos em plataformas como Mercado Livre.
Durante a ação, dois locais ligados ao grupo foram interditados pela Vigilância Sanitária. Um deles, na zona leste da capital, servia como centro de distribuição, mas não possuía licença para funcionamento. O outro, localizado em Jundiaí, interior do estado, era usado para manipulação e envase de creatina sem autorização sanitária. O endereço, que deveria constar nos rótulos dos produtos, não estava informado, o que configura descumprimento da legislação.
Denúncias e irregularidades
As investigações começaram em setembro, após policiais identificarem inconsistências em recibos de produtos vendidos em um estande da marca no shopping Anália Franco, zona leste de São Paulo. Em outubro, a Justiça autorizou buscas em endereços relacionados ao grupo, resultando na apreensão de documentos, equipamentos eletrônicos e celulares.
Nos celulares, foram descobertas conversas que indicavam reclamações de clientes sobre supostas irregularidades nos produtos, incluindo a presença de larvas, fios de cabelo, pedaços de luvas e até bexigas plásticas. Além disso, um vídeo compartilhado por funcionários mostrou creatina empedrada sendo quebrada com ferramentas improvisadas, como martelos e chaves, expondo o produto a riscos de contaminação.
Relatórios policiais apontaram também problemas de rastreabilidade, com embalagens que não indicavam precisamente os locais e horários de fabricação. Isso contraria o Código de Defesa do Consumidor, dificultando ações de órgãos reguladores em caso de emergências.
Ação da empresa
Por meio de nota, a Soldiers afirmou que os locais lacrados pertenciam a prestadores de serviços independentes e que o grupo segue padrões de qualidade superiores aos exigidos pela lei. “Não houve qualquer justificativa plausível para a abertura da investigação”, declarou a empresa, destacando que sua fábrica, recentemente vistoriada pela Vigilância Sanitária, continua operando normalmente.
A Soldiers também negou irregularidades e considerou a investigação “vaga e sem objeto definido”. Segundo a nota, os produtos apreendidos estão à disposição para perícia, o que, segundo a empresa, comprovará a segurança e a qualidade dos suplementos.
Impacto no mercado
A creatina produzida pela Soldiers consta na lista de produtos aprovados pela Abenutri (Associação Brasileira de Empresas de Produtos Nutricionais). Contudo, o suposto problema de adulteração levou a polícia a notificar grandes distribuidores, como o Mercado Livre, que afirmou investigar o caso e adotar medidas contra eventuais irregularidades.
A operação é um desdobramento de outra investigação realizada neste ano sobre venda de produtos com prazo de validade vencido. O Grupo Soldiers, que pertence aos empresários Yuri Silveira de Abreu e Fabiula de Arruda Freire, autointitulados “rei” e “rainha” da creatina, tem faturamento estimado em R$ 250 milhões para 2024.