Governo estadual alerta prefeitos do Vale do Aço para evitar “mortandade sem precedentes”

Por Plox

30/05/2020 17h25 - Atualizado há quase 4 anos

Um alerta, em relação à pandemia de coronavírus, foi feito aos prefeitos em um documento encaminhado nessa sexta-feira (29), pela Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Vale do Aço (ARMVA), aos prefeitos da macrorregião do Vale do Aço em Minas Gerais. 

Segundo o documento, que o PLOX teve acesso, o governo de Minas Gerais demonstra preocupação com a situação da região. Em um trecho, as autoridades chegam a mencionar a possibilidade de que pode ocorrer uma quantidade de mortes sem precedentes. Veja o trecho: “Com todo esse conjunto de indicadores adversos à nossa região, a Secretaria de Estado de Saúde já trabalha com a possibilidade de 100.000 novos casos do Coronavírus na região, nos próximos 30 dias. Caso este cenário se confirme, a necessidade de leitos de UTI poderá chegar a 5.000 leitos. Tal número de leitos demonstra-se inviável, considerando que o cenário de expansão da capacidade das UTIs na região, conforme o plano de contingência, chegaria a cerca de 150 leitos. 

A situação é grave, os indicadores apontam um cenário futuro adverso e isso demanda uma ação imediata para proteger a população do Vale do Aço de uma mortandade sem precedentes”, menciona o texto.

 

capa-prefeitosFoto: Marcelo Augusto/Plox
 

 

 
Isolamento Social
 
O documento também defende que seja reforçado o isolamento social. “O Governo de Minas Gerais registra a importância do fortalecimento das práticas de isolamento social neste momento, como forma de reverter o quadro adverso que vem se delineando para o próximo mês no Vale do Aço”, defendem as autoridades.

 

materia-ptefeitosFoto: Marcelo Augusto/Plox
 

Em outro trecho do documento, a Secretaria de Estado de Saúde afirma que “vem monitorando os indicadores de isolamento social com base em dados de emissão de notas fiscais, bem como com base no deslocamento de sinais de telefonia móvel. Os números apontam para um aquecimento da economia na região: nas últimas três semanas o volume de emissão de notas fiscais está superior ao observado nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, indicando a atividade econômica até mesmo superior ao pré-pandemia. O monitoramento com base no sinal de telefonia móvel aponta que o isolamento social na região está abaixo da média do estado”, conforme o ofício assinado pelo diretor geral da Agência de Desenvolvimento da Região Metropolitana do Vale do Aço, João Luiz Teixeira Andrade e pelo superintendente regional de Saúde, sediada em Coronel Fabriciano, Ernany Duque de Oliveira Júnior.

 

isolamentoFoto: reprodução
 

 

Ainda segundo o ofício encaminhado aos prefeitos, “a pandemia do novo coronavírus entrou nesta semana em um novo estágio de contaminação em toda a macrorregião de saúde Vale do Aço”. 

O governo estadual demonstra preocupação principalmente com a escassez de leitos de Unidade de tratamento Intensivo (UTI) , que segundo a ARMVA, em toda a macrorregião, a taxa de ocupação dos leitos de UTI atingiu 94,31%, com tendência de atingir os 100% nas próximas horas ou dias.

Conforme o estado, a região do Vale do Aço teria condições de adotar o “Onda Verde” do Programa Minas Consciente, segundo o qual, recomenda-se apenas o funcionamento de atividades econômicas do grupo considerado “essencial”.


Reuniões buscam saída

 
Durante reuniões entre representantes da SES-MG, Cosems regional e secretários municipais de saúde da macrorregional do Vale do Aço, realizadas nos dias 28 e 29, quinta de sexta-feira respectivamente, a Secretaria de Saúde de Minas Gerais chamou a atenção para a necessidade dos municípios da região aderirem, de forma mais efetiva, ao Plano Minas Consciente, uma vez que a maioria das cidades ainda não adotou os protocolos previstos pelo plano, ao mesmo tempo que tem sido observada uma queda nas medidas de isolamento.
 
A SES-MG alertou que a combinação destes fatores pode trazer risco ao sistema de saúde local, uma vez que proporciona a aceleração do contágio da Covid-19.
“Entre os principais objetivos da secretaria, desde o início da pandemia, está a ampliação da capacidade assistencial dos municípios, trazendo mais equilíbrio e melhora na assistência à saúde de todos. Mas, temos tido mais casos da doença, agora, do que no início da pandemia. O que limita o aumento da transmissão do vírus é o distanciamento e as medidas de isolamento social. Por isso, é fundamental que o Plano Minas Consciente seja adotado e que a população continue fazendo sua parte ”, afirmou o secretário de Saúde, Carlos Eduardo Amaral.

 

reunião-divulgaçãoFoto: divulgação

 

O Plano agrega dados econômicos e relativos à saúde pública e, por meio dele, a SES-MG faz o monitoramento adequado das atividades e dos possíveis impactos em relação ao crescimento da pandemia de Covid-19 e a capacidade do sistema de saúde de cada macrorregião.
 
O secretário ainda ressaltou que, apesar da rede assistencial do estado estar organizada por meio do Plano de Contingência de forma a atender a população também em relação à comorbidades que pioram o quadro da Covid-19, é essencial que os municípios continuem a adotar o distanciamento para evitar a progressão descontrolada da Covid-19. O chefe de gabinete João Pinho esclareceu que, apesar do Plano de Contingência, é importante observar que um pico elevado pode trazer sobrecarga ao sistema e, consequentemente, aumentar o número de óbitos; e é exatamente isso que a SES-MG quer evitar.
 
Segundo a SES-MG, a intenção é de sensibilizar os prefeitos da região do Vale do Aço para a necessidade de manter o isolamento e o distanciamento social para a não propagação descontrolada da Covid-19, o que tem sido a ferramenta mais efetiva.
 
 

Reação dos prefeitos
 
O PLOX tentou contato com os prefeitos das quatro cidades que compõem a região metropolitana: Coronel Fabriciano, Ipatinga, Santana do Paraíso e Timóteo. Até o fechamento da matéria, apenas o prefeito de Coronel Fabriciano, Marcos Vinicius, se pronunciou por meio de nota (íntegra ao fim da matéria).
 
“Logo no início da pandemia, o município criou um Comitê de Crise e não mede esforços, inclusive investindo recursos próprios, para adotar todas as medidas necessárias para prevenção, controle e tratamento de pacientes suspeitos e confirmados com o novo vírus da nossa cidade”, informa. “A estrutura foi dimensionada e preparada para atender a nossa população, estimada em 110 mil, e o mesmo deve ser feitos pelos outros municípios”, explica.
 
O prefeito de Ipatinga, Nardyello Rocha, publicou um vídeo, onde disse que a cidade de Ipatinga apresenta níveis altíssimos dos parâmetros que apontam para um agravamento da pandemia no município. "O mais recomendável e prudente seria que todas as cidades da Região Metropolitana suspendessem imediata e uniformemente, por decreto, as autorizações para funcionamento dos diversos segmentos do comércio, como forma de interromper de maneira radical a movimentação de pessoas pelas ruas e conter a onda de contágio”.
 
No mesmo vídeo, Nardyello Rocha defende  a intenção de fechar o comércio, com exceção apenas dos considerados essenciais. Ele levará esta proposta, na próxima segunda-feira (1/6), ao Comitê de Gestão de Crise da Covid-19 (clique para ver).
 
 

Mortes
Até este sábado (30), a cidade de Ipatinga registrou 220 casos e três mortes. Coronel Fabriciano registrou 85 casos e nenhuma morte. Timóteo registrou 43 casos e uma morte e Santana do Paraíso registrou 51 casos e duas mortes, além de uma morte que segue sendo investigada.
 
 
Veja na íntegra, a nota enviada por Marcos Vinícius, prefeito de Coronel Fabriciano.
 
O prefeito de Coronel Fabriciano, Dr. Marcos Vinicius, informou que recebeu a notificação da ARMVA e tranquiliza a população ao reforçar que a cidade já se preparou para um eventual crescimento de casos de Covid-19. 

“Logo no início da pandemia, o município criou um Comitê de Crise e não mede esforços, inclusive investindo recursos próprios, para adotar todas as medidas necessárias para prevenção, controle e tratamento de pacientes suspeitos e confirmados com o novo vírus da nossa cidade”, informa. “A estrutura foi dimensionada e preparada para atender a nossa população, estimada em 110 mil, e o mesmo deve ser feitos pelos outros municípios”, explica.

O Hospital Dr. José Maria Morais, gerido pela Prefeitura com atendimento 100% SUS, já ampliou em mais 20 leitos a sua capacidade atual, sendo cinco já habilitados como UTIs para atender pacientes graves com Covid-19 da cidade. 

O prefeito destaca ainda que o HJMM passou por obras e está apto para receber até 60 leitos exclusivos para Covid-19, num investimento total de R$ 1,2 milhão em recursos próprios. Agora, município aguarda a chegada de equipamentos que o Estado que se comprometeu com a administração municipal. Com isso, o Hospital pode dobrar a sua capacidade de 60 para 120 leitos, sendo 25 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTIs). 

Fabricianenses com suspeita ou quadro leves continuam a ser assistidos pelos serviços montados pela Prefeitura: o Tele Orientação - EuSaúde, pelo telefone (31) 99674-7263 e presencialmente, no Centro de Referência de Enfrentamento ao Coronavírus, na rua Albert Scharlet, s/n, das 7h às 19h, inclusive aos sábados, domingos e feriados. 
 
Até o momento, o município não registrou óbitos ou casos de maior gravidade, com necessidade de internação em UTI no Hospital gerido pela Prefeitura.

 
Veja na íntegra o ofício enviado aos prefeitos da macroregião do Vale do Aço

Senhores Prefeitos e Prefeitas municipais,
 
A pandemia do novo coronavírus entrou nesta semana em um novo estágio de contaminação em toda a macrorregião de saúde Vale do Aço. Nos últimos dias, observamos acelerar o número de confirmações de casos e as internações. Como decorrência, já há escassez de leitos de unidades de terapia intensiva em algumas unidades hospitalares. Por esse motivo, os hospitais que ainda têm leitos disponíveis, estão recebendo pacientes de outras microrregiões. No entanto, esse remanejamento de pacientes será possível somente enquanto houver leitos disponíveis. No dia de ontem, em toda a macrorregião, a taxa de ocupação dos leitos de UTI atingiu 94,31%, com tendência de atingir os 100% nas próximas horas ou dias.
 
A Secretaria de Estado de Saúde vem monitorando os indicadores de isolamento social com base em dados de emissão de notas fiscais, bem como com base no deslocamento de sinais de telefonia móvel. Os números apontam para um aquecimento da economia na região: nas últimas três semanas o volume de emissão de notas fiscais está superior ao observado nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, indicando atividade econômica até mesmo superior ao pré-pandemia. O monitoramento com base no sinal de telefonia móvel aponta que o isolamento social na região está abaixo da média do estado.
 
O indicador do número médio de infecções por pessoa infectado (R0) em nossa macrorregião também está entre os maiores do estado, indicando que uma pessoa contaminada no Vale do Aço, contaminar mais pessoas do que nas demais regiões.
 
Com todo esse conjunto de indicadores adversos à nossa região, a Secretaria de Estado de Saúde já trabalha com a possibilidade de 100.000 novos casos do Coronavírus na região, nos próximos 30 dias. Caso este cenário se confirme, a necessidade de leitos de UTI poderá chegar a 5.000 leitos. Tal número de leitos demonstra-se inviável, considerando que o cenário de expansão da capacidade das UTIs na região, conforme o plano de contingência, chegaria a cerca de 150 leitos. 
 
A situação é grave, os indicadores apontam um cenário futuro adverso e isso demanda uma ação imediata para proteger a população do Vale do Aço de uma mortandade sem precedentes.
 
O Governo de Minas Gerais registra a importância do fortalecimento das prácas de isolamento social neste momento, como forma de reverter o quadro adverso que vem se delineando para o próximo mês no Vale do Aço.
 
Registramos o respeito e apreço a autonomia e aos processos de tomada de decisão municipais, no entanto, neste momento, é FORTEMENTE RECOMENDÁVEL a adesão de todos os municípios da Macrorregião do Vale do Aço ao Plano Minas Consciente.
 
Conforme o Plano Minas Consciente, a região de saúde do Vale do Aço teria condições de adotar a “onda verde”, segundo a qual, recomenda-se apenas o funcionamento de atividades econômicas do grupo considerado “essencial”.

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