Testemunhas participam de oitiva sobre o caso da enfermeira assassinada no Vale do Aço
Crime ocorreu no dia 15 de março e teve grande repercussão
Por Plox
05/08/2021 14h02 - Atualizado há mais de 3 anos
Nesta quinta-feira (5), no Fórum da comarca de Ipatinga, Minas Gerais, ocorreu a audiência de julgamento de Reginaldo Ferreira de Souza, vulgo “Pau Véio”, acusado de sequestrar a enfermeira Priscila Cardoso da Silva, de 35 anos. Nesta audiência foram ouvidas testemunhas indicadas para produção de provas que serão anexadas no processo. Os depoimentos são por meio de carta precatória, que é uma forma de comunicação entre juízos, que estão em estados diferentes, com objetivo de cumprir algum ato processual.
O crime aconteceu no dia 15 de março deste ano, em Santana do Paraíso, cidade que faz parte do Vale do Aço. O caso ganhou grande repercussão no Vale do Aço e teve o trabalho das polícias civil e militar de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia, além da Polícia Rodoviária Federal. “Pau Véio” foi preso em Guarapari-ES, no dia 19 de março.
Em depoimento, ele disse que teve um relacionamento com Priscila por cerca de três meses, porém, tinham terminado. O acusado relatou que não aceitava o fim do relacionamento e que os dois teriam ido conversar.
“Ela conversou comigo, disse que queria terminar o relacionamento comigo, porque o irmão dela era um policial, aí ele não ia aceitar ela namorar com um ex-presidiário”, disse Reginaldo, na época.
Ainda em depoimento, Reginaldo alegou que o disparo que matou Priscila Cardoso foi acidental e ocorreu durante uma discussão entre os dois. “Eu discutindo com ela, aí ela pegou na minha mão e falou comigo que eu não tinha coragem de matar ela. Aí ela pegou minhas duas mãos e bateu na testa dela com o revólver; o revólver pegou e disparou na testa dela”.

O crime
Segundo Alexandro Silveira Caetano, delegado da Polícia Civil em Santana do Paraíso, os policiais tiveram conhecimento do crime na terça-feira, 16 de março, pela manhã. As diligências foram iniciadas e imagens de câmeras de segurança foram coletadas. Pelos registros, foi possível identificar Reginaldo saindo com Priscila no carro.
Após uma ação conjunta entre a Polícia Rodoviária Federal, Polícias Militar e Civil, o veículo de Priscila, um Chevrolet Onix, de cor branca, foi localizado no mesmo dia em Teixeira de Freitas, na Bahia. A princípio, a PC suspeitava apenas de sequestro com possibilidade de pedido de resgate, porém, o veículo foi localizado com a placa traseira já desparafusada, com um mecânico suspeito de receptação.

O delegado também detalhou que, com o apoio de uma empresa de ônibus, eles conseguiram dois nomes de passageiros que haviam comprado passagem de Teixeira de Freitas para Ipatinga-MG. Após análise das informações, a Polícia identificou que um deles era Reginaldo, que já tinha passagens pela polícia.
Em seguida, a polícia conseguiu descobrir o hotel em que ele estava hospedado em Teixeira de Freitas. A PC pediu um mandado de prisão, que em menos de duas horas foi liberado, e começou a procurar por ele.
Na quinta-feira, 18 de março, a PM conseguiu outra informação, desta vez, da residência do acusado no bairro Bethânia, em Ipatinga. Os militares descobriram o horário de chegada e saída dele, no dia do desaparecimento de Priscila.
Na continuação das diligências, na tentativa de descobrir o paradeiro de Reginaldo, as autoridades conseguiram localizá-lo em Guarapari. Na sexta-feira, 19 de março, foi realizada uma operação, na qual ele foi preso. Com a prisão, os policiais civis saíram do Vale do Aço e foram sentido a cidade capixaba, para realizar a transferência dele.
Conforme Alexandro Silveira, Reginaldo foi perguntado sobre o paradeiro de Priscila e informou que ela estava morta desde a segunda-feira, 15 de março. A polícia foi até o local informado pelo acusado e encontrou o corpo da enfermeira, no sábado, 20 de março, em uma estrada vicinal de acesso a cidade de Ipaba, na região do Vale do Aço.
Laudo do IML
O corpo de Priscila foi encaminhado ao Instituto Médico Legal em Ipatinga. O laudo feito pelos peritos apontou sinais de tortura. A informação foi divulgada durante uma coletiva de imprensa, no dia 23 de março.
Segundo o delegado Alexandro Silveira, os exames mostraram indícios de tortura e ossos quebrados em um dos braços, perna e dedos da mão, porém, não haviam provas de um possível abuso sexual.